quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

LIVRAI-NOS DO MAL

Foto: Paulo Silva


Que assim seja todos nós, livres de todo mal. Livres do mal da fofoca que sai da boca dos outros e até da nossa boca. Livre das invejas, cobiças e ambições desenfreadas. Livres da violência do mundo. Livres da crueldade das pessoas, das agressões de trânsito. Livre das ansiedades e das frustações que nos consome por dentro e nos adoece, nos tirando a paz. Que assim seja todos nós, livres da maledicência, livres das decepções e da acomodação. Que sejamos livres de todo comodismo que nos impede de ir adiante. Livre da falta de esperança, que nos impede de acreditar que o dia de amanhã será melhor que o de hoje. Que sejamos todos livres de tudo aquilo que nos aprisiona, medos e inseguranças. Livres do pânico que nos paralisa. Livre das depressões, angústias. Livre do isolamento, da solidão.Que assim seja todos nós, livres dos excessos que nos inunda. Livre daquilo que nos deixa tristes, de tudo o que nos tira o riso. Livre do grito preso na garganta. Livre dos tremores e temores. Livre da inquietação. Livre da espera além da conta. Que sejamos livres da impaciência. Livres da pressa. Livres das promessas falsas, da hipocrisia. Livres da mediocridade. Que assim seja todos nós, livres do ateísmo que nos faz sentir sozinhos e desamparados num mundo rodeado de caos. Livres do abandono. Livres, que sejamos livres. Livres de todo mal. Que sejamos verdadeiramente livres, como fomos criados pra ser. Esta liberdade que bate a nossa porta e que aprissionados, não deixamos entrar. Que sejamos todos livres destas amarras, destes nós que nos impede de experimentar a liberdade. Esta liberdade que nos dá a paz, a esperança, a confiança. A liberdade da auto-estima, da alegria. Que sejamos livres, todos, de todo e qualquer mal. Amém!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MINHAS IM"PERFEIÇÕES"

Foto: Soraia

Não me importo com as marcas no rosto, presenteadas pelo tempo. As dobrinhas nos cantos dos olhos que contam pras pessoas que não passei de liso nesta vida curva e cheia de turbulências. Cada parte do meu rosto e até mesmo das minhas pequenas rugas, contam a minha história. Elas marcam e reafirmam o meu sorriso para a vida e a respeito de tudo o que vive até a idade de hoje. Não sei quantos anos tenho, porque não os conto pelo tempo cronológico do nascimento até aqui. Cada dia acordo com uma idade diferente e um mesmo dia pode tanto me envelhecer quanto me rejuvenescer. Estas manchas do meu rosto, reveladas pela quantidade de sol que tomei, com ou sem protetor, não me deixam mais envelhecida ou menos bonita do que as pessoas de pele branca, translúcida. Não me sinto mal quando me olho no espelho e as vejo ali. Cada uma delas revela que não me guardei da vida, não me privei da liberdade de viver ao ar livre. Correr pela praia, brincar na areia. Passear no parque, andar de bicicleta na rua. Todas estas coisas que faço desde a infância hoje se traduzem no que sou. Dá pra ver quem fui através da minha fisionomia. Ela revela muito mais o que tenho sido ao longo do tempo do que o que sou hoje, embora isto eu também não consiga disfarçar muito bem. Sou todas as rugas, manchas e imperfeições. Todas estas imperfeições são tudo aquilo que tenho de perfeito em mim. O ser humano só é perfeito quando se descobre e se aceita imperfeito tal qual o é. Estas são minhas imperfeições, as manchas, as rugas, a flacidez das pálpebras. Assim como os meus sonhos e desejos ainda não realizados, mas que eu acredito realizar um dia. Sou tudo isto, o tempo todo. Mas sou feliz do jeito que sou. E felicidade, assim como auto-estima e todas estas coisas, é exatamente isto: aceitar-se tal qual é. Não ter medo do sol, por ter medo das manchas. Não ter medo de sorrir, por ter medo das rugas. Expressar-se sem limites. Soltar e revelar quem verdadeiramente é. E sorrir pra vida, de peito aberto, vento no cabelo e um brilho de sol nos olhos. Assim é que é viver.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

VONTADE DE MAR

Foto: J. Pedro Martins


Minha vontade de correr para o mar é maior que a minha lucidez. Me enlouquece, rouba o meu sono. Não que eu não durma, mas passo a sonhar, dormindo ou acordada. Penso no barulho das ondas quebrando na praia, na brisa beijando o meu rosto. O balançar dos meus cabelos em dias de vento, me remetem aos coqueiros que dançam sobre o vento do mar. Gosto da areia branquinha tocando meus pés. De ver o sol, surgir ou se pôr no horizonte. A vida no mar é diferente da vida urbana, normal e cotidiana. Ela não leva os problemas como oferenda ao mar, mas alivia as tribulações e dão um balanço novo ao nosso cotidiano as vezes tão igual e cansativo. Minha vontade de correr para o mar e me jogar nas águas azuis do oceano é maior do que eu. Eu que sou tão pequena e as vezes com tão pouco gingado na cintura. O mar não, ele dança dia  e noite celebrando a vida e a alegria de fazer parte de uma natureza sem igual. Gosto destas coisas naturais. De água de côco, de areia no pé, andar descalço. Gosto de short curto e biquini no corpo. Um sol na pele, protegida por um protetor sessenta. Gosto tanto do mar que volto sem me preocupar com as manchas do rosto queimado de sol. Volto sem preocupar com o cabelo que ficou laranja ou loiro, seco e sem vida. Mas eu, volto tão cheia de vontade de viver que nem ligo para tudo o que se perdeu no caminho. Estou pronta pra recuperar a cada vez que volto do mar. Sou menina da praia, nascida no campo e gosto de me jogar no mar.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

AS PESSOAS LIVRES

Foto: Dizim

Gosto da liberdade. Mais que isto, gosto das pessoas livres. Não esta liberdade que a gente já nasce com ela, esta liberdade que Deus deu e que quase ninguém sabe usar. Não. Gosto das pessoas que sabem viver a liberdade que têm. Gosto de quem vive aquilo que é, ao máximo, explorando cada detalhe. Gosto da liberdade estampada no rosto de quem se curte. Gosto desta liberdade ousada e sem medo de ser feliz. Gosto das pessoas livres. Estas pessoas que vão atrás do que acreditam e que aproveitam a chance de ser quem é e ir aonde tem vontade de ir. Gosto das pessoas que não temem os próprios limites, que não se amedrontam as tribulações e que têm a energia necessária para seguir em frente. Gosto deste tipo de gente que tem o peito aberto, o coração tranquilo. Estas pessoas que amam o próximo sem deixar de amar a si mesmos. Pessoas autênticas, verdadeiras, honestas sobretudo com elas próprias. Gosto desta liberdade estampada no rosto desta minoria que não apenas sobrevive mas sabe viver. Gosto de cutucar meus medos vendo a coragem das pessoas livres. Talvez eu goste tanto por não saber usar a minha liberdade com tanta sabedoria quanto eles. Talvez eu tenha medo desta liberdade que tanto admiro nos outros e tanto gostaria ter. De tanto gostar, talvez eu comece a agir com tamanha liberdade em tempo de ainda viver tudo aquilo que sou capaz de viver. Esta liberdade que estes que admiro tem, também tenho. Nasci com ela, tanto quanto eles, tanto quanto você. Não duvido disto. Apenas tenho pena de quem, como eu, não sabe aproveitá-la da melhor maneira possível. Mas ainda acredito que possamos aprender. Aprender ainda que admirando os que dela se aproveitam. Por isto, tomo gosto pela liberdade a cada movimento que estes seres livres são capazes de fazer. Admiro, curto, aproveito. Gosto desta liberdade. E cada vez que olho pra ela, é como se ela entrasse um pouco dentro de mim e me desse coragem de vivê-la intensamente, assim como deve ser.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O CALOR E SEUS EXCESSOS

Foto: Kazuo Okubo

Eles escorre por entre as curvas no nosso corpo, beijando nossos seios e lambendo nossa face. Matam de inveja os homens que cobiçam os seus fartos e as mulheres que são loucas por um tanquinho em perfeita forma. No inverno, impera nas academias de corpos sarados e cansados do exercício exaustivo. No verão, estão por todos os lugares, menos aqueles sagrados com ar condicionado ligado. Penteiam o cabelo das crianças que brincam no parque. Cansam as pernas dos mais velhos que tentam se distrair na varanda de casa. Esquentam a cabeça dos mais jovens. Convidam para ir até a praia ou piscina, num convite quase que irrecusável se não fosse o trabalho e as atividades obrigatórias do nosso dia a dia. O calor, o suor. Estes que a gente não consegue esquecer porque não esquecem da gente. Estes que estão ali, do lado de fora da sua sala com ar condicionado. O mesmo que derrete os picolés que a gente insiste em deixar gelado pra nos refrescar. O mesmo que impede pouca água de matar a nossa sede. O calor que abaixa as pressões mas agita o coração. O suor que escorre pelo nosso corpo como a nossa vontade de ser refrescado por ele, ainda que não seja possível. Ah, o calor. Este verão que todos cobiçam mas que a todos incomoda. Este calor que nos tira a roupa e nos deixa índios como os primeiros moradores deste nosso país. Ah, este calor que coloca nossos cabelos de mulher pra cima e os homens caminhando sem camisa nos domingos de manhã...ah, o calor. É bonito te ver assim de longe, apreciar a beleza da sua luz. Difícil é conter os seus excessos que me fazem deparar com os meus a todo instante. Excessos que me fazem reduzir as roupas, aquietar o espírito e sonhar com dias de verão sem  trabalho, sem preocupações, debaixo de um coqueiro em alguma praia da Bahia regada a água de côco e mar.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O SILÊNCIO QUER FALAR

Foto: Daniel Coutinho


O silêncio é uma oração. Oração que não precisa de gritos para ser eficaz. Não precisa de plateias, de público ou testemunhas. Oração do tapete do quarto com portas fechadas. Assim é o silêncio. O silêncio é uma prece oferecida com sinceridade, cheia de verdade. O silêncio não é o conssentimento das coisas que se veem, mas a humildade de não ter nada o que provar. O silêncio é uma virtude, isto sim. Calar-se é muitas vezes as palavras mais doces que você pode dizer. Quando não se sabe o que dizer, silencia a sua voz para não equivocar nas palavras. O silêncio não fere, cuida. O silêncio é prestativo e bondoso. O silêncio é mesmo a melhor oração que você pode oferecer a Deus e fazer por si mesmo. Entra no teu quarto e silencia. Entra no seu coração, na sua própria voz. É no silêncio que podemos ouvir a nós mesmos e saber aquilo que queremos. No silêncio, sabemos realmente quem somos, nos reconhecemos. O silêncio aquieta o espírito, sossega a alma. O silêncio é benigno e verdadeiro. Mas não é uma atitude isolada, mas uma prática diária. Silencia todos os dias, não o tempo todo para que ele não isole demais. Mas silencia seu coração sempre, por alguns minutos que seja. De olhos fechados ou abertos, não importa. Mas sempre com o olhar voltado para dentro de si mesmo, por uns instantes. O silêncio tem segredos para revelar. É surpreendente. É no silêncio que ouvimos a voz de Deus. Só nos silêncio encontramos nossas respostas.