quinta-feira, 14 de julho de 2011

AS PALAVRAS




As palavras têm o poder de realizar travessias. Elas são pontes que nos levam a atravessar abismos que nos afastam dos outros, que nos impede de seguir em frente. As palavras têm o poder de realizar em nós a coragem que tantas vezes nos falta. As travessias para a alma do outro, para a dor do outro. As palavras possibilitam uma compreensão que muitas vezes sem ela não conseguimos ter. As palavras aconchegam a alma. As palavras aquietam, libertam. As palavras bem ditas sempre realizam em nós e no outro a beleza das possibilidades. Quando falta esperança, uma palavra bem dita, na hora certa, é capaz de encorajar corações temerosos e dar a chance de seguir adiante com a certeza de que algo de bom ainda está pra acontecer. As palavras tanto podem ser bem ditas como malditas. Tudo depende do contexto e da forma com que ela será falada. O silêncio, muitas vezes, também traz as palavras que não sabemos dizer. Mas em tantas outras, as palavras ditas com clareza e segurança, são capazes de realizar ainda mais. Não estamos no mundo para engrossar a fila daqueles que disseminam as palavras mal ditas. Ao contrário, devemos dizer palavras tão bem ditas que abrem os horizontes, que clareiam a visão, que possibilitam novas situações. As palavras nos dá a chance de recomeços. Uma nova vida começa depois de uma palavra dita com cuidado. Um amor revelado em palavras, uma coragem dita em duas delas. O apoio necessário que uma palavra pode dar. As palavras têm o poder de realizar em nós e no outro, aquilo que a solidão muitas vezes não é capaz de realizar. As palavras que falam o amor, as palavras que falam a verdade, as palavras honestas que revelam você mesmo. Estas palavras que abraçam a gente, estas palavras que acolhem nossas lágrimas, as palavras que nos envolve e nos aquieta. A palavra que nos fortalece. Ah, as palavras. Como soam bem os ouvidos quando bem faladas. Gosto de ouvir as palavras daquele que sabe bem o que diz. As palavras que nos apresentam um mundo novo, que faz viajar por dentro de nós mesmos e nos transbordar com um amor que só uma palavra pode trazer. Palavras são pontes, passemos por ela de uma maneira sábia. Atravessemos as pontes das palavras com o propósito de alcançar o outro e de dar-lhe o abraço que lhe é tão necessário. As palavras, sempre as palavras. Entre elas e o silêncio a sabedoria de dizer a coisa certa, na hora certa. As palavras têm poderes, saibamos utilizá-los para edificar o outro e torná-lo ainda melhor. Seremos melhor com eles se usarmos bem as palavras que podemos dizer. Bem ditas sejam as palavras.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

SEM EXCESSOS

Foto: autor desconhecido

Me esvazio das velharias que fui juntando pelo caminho. Quinquilharias, besteiras, bobagens e mais um monte de coisa inútil que em algum momento pareceu útil e nem foi. Me esvazio dos maus pensamentos, daqueles que atravessaram meu caminho e tornaram escura a minha mente, cinza os meus dias que eram tão coloridos. Aqueles mesmos pensamentos que me deixavam inquieta, irriquieta, impaciente e imprecisa. Me esvazio dos sentimentos que carreguei como troféu ou justificativas vãs para os meus medos, receios e covardias gerais. Não quero mais tê-los como muletas ou amuletos que justifiquem quem sou. Não sou nenhum deles ou coisa parecida. Sei quem sou. Me esvazio dos arranhões pelo corpo, resultado de tropeços e quedas, fracassos temporários que vez ou outra a gente precisa enfrentar. Não vencemos sempre e ainda bem que não. Me esvazio de vaidades sem sentido, de achar que sei  tantas coisas quando na realidade eu ainda tenho muito a aprender. Me esvazio de inseguranças indevidas, desnecessárias. De traumas carregados com cuidado ao longo deste tempo todo que é a minha vida. Deixo cair e se quebram, um a um. Junto os cacos e jogo no lixo, seguindo adiante sem o rastro de nenhum deles, mais leve com toda certeza. Me esvazio de obrigações e torno a minha vida muito mais interessante quando as troco pelo prazer de realizar as coisas. Não faço apenas coisas das quais eu gosto, mas procuro fazer tudo aquilo que gosto de fazer. Eis o segredo. Me esvazio de máscaras que me impediam de ver quem sou e muito mais de ser vista como sou pelos outros que passam por mim. Deixo para trás, cada uma delas e me visto de mim mesma para o mundo que pretendo conquistar. Me esvazio de entulhos, bibelôs, quaisquer coisas sem sentido neste momento pelo qual eu passo agora. Quero estar vazia de tudo o que carreguei sem motivo, sem princípio, sem valor. Quero estar vazia de tudo aquilo que pesava meus ombros e minhas costas. Me esvazio de tudo o que entortava a minha coluna, trazia dores musculares e mais nada que valesse realmente a pena. Me esvazio de tudo aquilo que não me revela, mas esconde. Vazia, estou pronta para me preencher de tudo aquilo que virá. Vazia, me torno leve o suficiente para que Deus possa trabalhar em mim e preencher com tudo aquilo que planejou. Vazia, conheço melhor os meus espaços e sei o quanto valem a pena para serem preenchidos com bobagem. Vazia, me torno seletiva, preparada e sei que em mim só cabe aquilo que me faz crescer, que me torna ainda melhor. Estou vazia e pronta, agora.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

PONTES

Foto: autor desconhecido
Abismos que nos impedem de ir adiante. O abismo do medo que nos impede de dar o próximo passo. O abismo da solidão que nos deixa isolados do convívio com o outro. O abismo das dificuldades do dia a dia, das tribulações que enfrentamos numa curva ou outra da nossa estrada. Pontes que não foram feitas ou foram quebradas nos impedindo a passagem para uma nova fase, uma nova etapa. Pontes, como são necessárias tantas e tantas vezes. Nem falo das pontes físicas porque estas vemos a sua importância, tão visível e palpável nos nossos caminhos. Falo de pontes que podemos estabelecer na nossa vida e na vida dos outros. Pontes de amor que curam as feridas dos afetos, que fazem-nos transpor aos traumas, solidão. Pontes de apoio que o faz seguir lado a lado com aqueles que enfrentam dificuldades para caminhar sozinhos. Pontes de perdão que fecham as frestas abertas numa amizade e deixam o terreno propício para o caminhar de mãos dadas e com segurança. As pontes que estabelecemos para chegar até o outro são maiores e mais poderosas que as maiores pontes feitas pela construção civil. Só as pontes que estabelecemos podem transformar toda uma história e toda uma trajetória. Os abismos que criamos e não vemos. O abismo do outro que a gente não vê e não percebe na maioria das vezes. Os abismos da alma, abismos emocionais e espirituais. Estes imensos abismos que só precisam de uma ponte para serem curados. Pontes que não precisam de técnicos e nem profissionais qualificados, pontes que precisam de amor. Um amor ao próximo, um amor ao outro, um amor a si mesmo, um amor a Deus. Só o amor é capaz de estabelecer pontes firmes e capazes de transpor as barreiras que nos impede de seguir adiante. Sejamos pontes, façamos pontes uns pelos outros. Não podemos parar nos desafios dos abismos, mas temos que ter a coragem de estabelecer as pontes necessárias para atravessar. Pontes, não medo ou covardia. Pontes, não isolamento. Esteja preparado para se fazer ponte e deixar que os outros façam ponte na sua vida, só assim fica mais fácil atravessar para a felicidade que você tanto deseja.