terça-feira, 23 de agosto de 2011

AH, AS CARTAS!

Foto: autor desconhecido

As letras invadiam o papel com receio, todas bem pensadas antes de serem escritas. Palavras que tomavam o coração antes de tomarem as linhas pautadas de um caderno ou papel de carta. O sentimento traduzido no contorno das letras, ora tão delicadas e arredondadas, ora tremidas e nervosas. Era possível sentir a respiração com as pausas dos pontos, das vírgulas, da distância entre uma palavra e outra. Os contornos do amor traziam às letras um rebuscado diferente, traços românticos. O nervosismo de uma despedida tomava as letras arrastadas, como se não quisessem ser escritas, tão menos lidas. As manchas nos dedos mindinhos dos canhotos. A pegada na ponta da caneta ou no alto, como quisesse ser. Papéis coloridos, brancos, pautados ou não. As letras que tendiam para a direita, outras pra esquerda. Letras que escalavam e outras que desciam a serra. Temperamentos, sentimentos que eram traduzidos em detalhes simples e ao mesmo tempo tão reveladores. O envelope que embrulhava as histórias, as emoções, revela os mistérios. Lacrado com cuidado para que ninguém mais pudesse ler ou que não se perdesse no caminho. O caminho das palavras eram mais longos que as ditas atrás dos lábios ao pé do ouvido mas nem sempre menos emocionantes que estas. A imaginação que tomava conta da gente, imaginando o rosto de quem iria nos ler. O medo da má interpretação, a ansiedade das respostas. A cola, o selo, o papel, a caneta, a gente mesmo. Impossível não ser nós mesmos com tanta intimidade. A carta era a tradução da gente e ao mesmo tempo uma lapidação de nós mesmos. Enquanto escrevemos pensamos, refletimos sobre quem somos e sentimos. Nos tornamos melhores ao tentar contornar a letra com mais cuidado. Nos tornamos mais próximos quando nos permitimos revelar pelas curvas da caneta no papel. Somos também melhores quando aprendemos a esperar pelas respostas e cuidar daquelas que que damos aos que nos esperam. Ah, as palavras e as cartas. A expectativa, a surpresa ao abrir a caixinha de carta e encontrar os papéis com tudo aquilo que esperamos receber ou não. O abrir do papel, os óculos que uns ou outros têm que colocar nos olhos para melhor apreciar a leitura. As letras rabiscadas que temos que traduzir enquanto aprendemos a traduzir o outro e tudo aquilo que tem a nos dizer. As cartas melhoram os relacionamentos, encurtam distâncias, demonstram carinho. Talvez por isto as relações estejam hoje tão mais superficiais, tão menos reveladoras e verdadeiras. Quem dera o email fosse realmente a evolução de uma carta, mas não é. Involuímos com eles, pra dentro da gente mesmo e tão distante daqueles que queríamos mais perto.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

PLANO BRASIL SEM CORRUPÇÃO


Sim, nós temos planos para 2012. Planos urgentes que se pudesse, executava ainda hoje, agora, neste instante. Tenho planos de um país mais justo, de um país mais honesto, com pessoas comprometidas com o próximo e os não tão próximos assim. Tenho planos que vão além de combate a miséria como o governo insiste em lançar como a grande vedete do momento. Não, meus planos vão além e são possíveis de combater muito mais que a miséria do país, mas a desigualdade, desonestidade, roubalheira, arrogância, ganância e tantas outras coisas que assolam o nosso país e embatam o seu crescimento. Meu plano para 2012 é o Plano Brasil Sem Corrupção, pois onde não há corrupção não há espaço para tudo isto que citei acima e tantas outras coisas como a injustiça, a omissão, o descaso político, o enriquecimento às custas do próximo. Num Brasil Sem Corrupção não há espaço para a miséria, porque sem corrupção os investimentos públicos serão destribuídos com igualdade, aplicados conforme a lei e a justiça e as desigualdades sociais são minimizadas a ponto de conseguirmos a tão sonhada extinção da miséria humana. Por que, fala sério? Miséria é ter tanta corrupção num país tão cheio de riquezas e possibilidades para todos. Miséria é ser tão ganancioso e cair na luxúria dos carros importados e cuecas recheadas de dinheiro. Miséria é muito mais que a fome, a falta de saneamento básico, de infra estrutura, de educação...miséria mesmo é a dor que a gente sente na alma sabendo que tudo isto acontece porque o dinheiro que estava pronto pra ser aplicado corretamente foi desviado para os cofres internacionais e mansões dos políticos desonestos e, corruptos. Miséria é existir corrupção. Brasil Sem Miséria acontecerá quando os políticos souberem ser políticos como a sua origem diz que deve ser. Brasil Sem Miséria é autoridade exercida com sabedoria e compaixão, com líderes que saibam ser líderes sem se colocar acima dos outros e quando todos estiverem dispostos a lavar os pés uns dos outros, curando feridas tão difíceis de cicatrizar. Meu Plano Brasil Sem Corrupção precisa de adeptos, gente de boa vontade e coragem pra dizer que chega, basta, não aceita mais um país deste jeito. Gente que pensa como eu e não só pensa, mas que reage e manifesta como deve ser. Gente que não tem pretensão política ou partidária, mas que tem o compromisso humano e cristão com o próximo, com a justiça, com a igualdade, com a honestidade. Gente que não se vende por pouco e nem se ilude com discursos e planos mais ou menos, gente de ação. O Brasil Sem Corrupção deixa de ser plano quando fazemos dele uma atitude. Participe, divulgue, curta, envolva você e as pessoas ao seu redor. Quem sabe ao menos este plano sai do papel e vira realidade na vida da gente, tomara já em 2012.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

REVER OS PASSOS



Andar depressa é ter medo de rever os passos. Andar depressa é não querer olhar pra trás e perceber que a qualquer momento se pode empacar num detalhe ou outro do caminho. Andar depressa é sentir que se tropeçar a velocidade te fará cair mais à frente, jamais pra trás. O medo de recuar, de rever o passo é o medo de enfrentar a si mesmo tudo o que a sua história lhe traz de bom ou ruim, não importa. Andar depressa é não querer observar as coisas ao redor. Sentir que qualquer parada para tomar o fôlego pode sim ser uma perda de tempo e não é. Andar depressa é temer o meio do caminho e querer chegar rápido ainda que não se saiba pra onde está indo. Aliás, quem anda depressa muitas vezes não sabe onde vai chegar. Anda depressa quem não observa a si mesmo, quem tem medo de perder o controle, o destino, o sentido das coisas. Anda depressa pra não ser interrompido, pra não olhar para as pessoas. Anda depressa quem é empurrado pela ansiedade. E é ansioso aquele que tem medo de onde vai chegar. É preciso seguir em frente tanto quanto é preciso rever os passos. Os passos dados, em falso ou não, ditam o nosso tipo de pisada e se olharmos pra eles com atenção podemos evitar novas quedas e tropeços pelos mesmos velhos motivos de antes. É preciso vez ou outra dar uma olhada pra trás pra não esquecer de onde viemos. Isto facilita a nossa certeza de onde iremos chegar. Não, não empaque olhando para os passos dados. Não, não tema o caminho pelas quedas que já teve antes. Siga em frente, mas sem medo e confiante. O cuidado nada tem a ver com o medo ou a imobilidade. Se estiver difícil, peça ajuda, encontre um parceiro pra seguir com você. Faça amigos, aprecie o caminho. Desacelere o passo, ande um pouco mais devagar. Mas ande, sinta, perceba e viva a caminhada. O melhor que o futuro lhe reserva pode estar aqui, bem no meio do caminho.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

É ASSIM MESMO

Foto: autor desconhecido
Alegria é mesmo assim. Quando o sorriso vem num momento de dor ou pobreza, parece sintoma de bobagem ou loucura. Quando vem de forma exagerada, parece sem noção e histeria. A alegria é mesmo assim, invade a alma da gente de uma forma sem sentido e incontrolável. Nos deixa felizes ainda que tantas coisas estejam ou pareçam tão tristes ao nosso redor. A alegria brota o sorriso no rosto da gente e transforma tudo ao redor ou pelo menos no nosso interior. A alegria as vezes nos rouba a tristeza e a mágoa, nos tira da solidão e tantas vezes é uma alegria que vem da alegria do outro, não das nossas motivações pessoais. São felizes os que se alegram com as alegrias alheias. Pouca gente tem esta capacidade de se alegrar com os motivos que não são seus. Alegria com a conquista do outro, o carro novo, o filho que nasceu ou foi recebido num gesto de adoção. Uma mesma história pode ser vista como triste ou alegre de acordo com a quantidade de alegria que há dentro da gente. Quem é alegre, vê alegria em todas as coisas e alegria é coisa que pega, vira epidemia quando a gente menos espera. Alegria é assim mesmo, parece bobagem. Tantas outras, se confunde com loucura. Mas alegria não vê dinheiro no banco e nem no bolso, não depende da saúde e nem das paredes da casa onde você reside. A alegria muitas vezes nos surpreende morando em casas simples, comendo o básico e alimentando o sorriso no rosto de quem não tem quase nada, mas tem a alegria como o seu tudo. A alegria é assim. É louca, é boba, mas é completamente afim de invadir a vida da gente. É só deixar entrar e não tenha medo de ser confundido ou de surpreender as pessoas, a alegria não apenas faz isto como as transforma e as invade também.