sábado, 29 de dezembro de 2012

SOU EU

Foto: autor desconhecido

Sou complexa, incompleta. Me construo e reconstruo a todo instante. Sou o medo de uma vida morta, sem sentido. Sou as fragilidades que insisto em não aceitar e as qualidades difíceis de assumir. Sou aquilo que sou e o que os outros querem que eu seja. As vezes sou mais o que os outros esperam e tão pouco de mim. Me perco. Sou a busca pelo meu reencontro. Sou a coragem em me enfrentar, descobrir, revelar. Sou inteiramente amor ainda que me perca na forma de demonstrá-lo. Ainda que o amor me assuste, amedronte, machuque. Sou o amor todo que sinto e a falta que as vezes ele me faz. Sou alegria e angústia. Ansiedade e tranquilidade. Medo e coragem. Sou os meus sonhos não realizados e todos aqueles que já conquistei. Sou minha infância de sorrisos, minha rebeldias de adolescente e minhas expectativas de futuro. Hoje,sou quem eu quero ser. Talvez já seja, mas é que tô me reencontrando pra ver quem eu acho. Sou as transformações de cada encontro comigo mesma. Sou o impacto das palavras.Sou meus sentimentos mais guardados. Sou feliz, embora as vezes um pouco triste. Sou quem eu mais admiro e com quem muitas vezes me decepciono. Tenho uma relação de amor e cobrança comigo mesma. Quero demais de mim, as vezes mais do que posso dar. Preciso ser mais tolerante, amável comigo mesma. Sou a vontade de ser melhor e a dedicação para que isto aconteça o quanto antes. Sou a ansiedade em ser aquilo que Deus quer que eu seja, embora eu saiba que Ele precisa da minha paciência pra me levar até lá. Sou um monte de pensamentos e as vezes um pouco de ação. Sou palavras e gestos. Sou a intensidade de uma tempestade que passa. As vezes sou arco-íris. Sou a palavra amiga para as pessoas e tento, sim, tento ser pra mim mesma também. Sou o desejo de tornar todos felizes para que eu também seja um pouco mais. Sou a satisfação com a realização do próximo e as inseguranças que tenho em lidar com os fracassos. Sou perfeccionista embora não tão detalhista. Sou a luz que surge no meio da escuridão. A sinceridade que falta na maioria das vezes. Sou a honestidade em revelar quem sou. Sou a falta de vergonha de assumir meus erros quando apontados de forma suave. Sou a fala aberta, o coração escancarado. Sou a idealista que sonha em um mundo melhor, maior, mais feliz.  Sou o pássaro que saiu do cativeiro e ainda aprende como voar e sobreviver do lado de fora. Sou a borboleta que desamassa as asas e aprende a lidar com a nova forma. Sou esta metamoforse e como tal, sou a adaptação. Sou oito ou oitenta. Sou fiel até o fim. Sou cheia de fé e ao mesmo tempo com tão pouco dela. Sou um vaso que retorna ao oleiro para ser quebrado e refeito. Sou tudo o que vivi e tudo aquilo que viverei. Sou o que escolho ser hoje, ainda que o que sou seja temporário. Sou as mudanças que terei que viver, os sonhos que irei realizar e já realizo. Sou muito mais do que vejo no espelho, sou a minha alma: escancarada, iluminada, linda,leve, cintilante...mas que ainda não descobriu que mesmo com as luzes apagadas é capaz de brilhar ainda mais!

ABRAÇO DO PAI

Foto:autor desconhecido

Descanso. Abrigo. Consolo. Paz. Tranquilidade. O silêncio das respostas que busco. Aconchego. Segurança. Apoio. Enxugo para as minhas lágrimas, até mesmo as que ainda não caíram. A calma que preciso para seguir em frente. O ar que eu respiro profundo e suavemente. Afeto. Carinho. Amor. A cura para todos os meus medos e inseguranças. A compreensão que não encontro no mundo. O olhar acolhedor traduzido em tato. Contato. Uma brisa leve no rosto. Uma leveza na alma. O acariciar dos cabelos. Deitar a cabeça no Teu peito e sentir regular meu coração com o Teu. Derramar meus sentimentos sem vergonha. Envolver-me em seus braços. Ouvir a Tua respiração,as batidas do Teu coração. Entregar meus receios, diluir as ansiedades. Sentir. Viver. Curtir. Me entregar nos seus braços, no Teu abraço é isto. O Teu abraço é o melhor lugar pra estar, morar, existir. É no Teu abraço que me encontro, que me devolvo, que me envolvo, que sou. Fora dele, não me reconheço, me perco, não me acho. O Teu abraço, ah, o Teu abraço. Fecho os olhos que é pra aguçar os sentidos. Te vejo melhor quando olho pra dentro de mim. Te encontro em meu peito que o nosso abraço selou. No Teu abraço quero passar os dias, as horas, as semanas. No Teu abraço quero passar meus anos, todos os que ainda me restam viver. No Teu abraço quero construir a minha história, gerar os meus filhos, meu riso, meus sonhos. Construir minha família, amar meu marido, ser mãe,filha, mulher. Só no Teu abraço eu quero ser. Só no Teu abraço eu posso ser. Mais. Melhor. Tudo aquilo que planejou. No Teu abraço, me leva. Me envolve, me chama, me prende. Não me deixe sair. Pode apertar se tiver que ser, ainda que eu saiba da tua liberdade em me deixar ir e vir quando quiser. Mas por favor, faça-me permanecer. Convence-me do Teu melhor. Não me deixe vacilar. Seduza-me no Teu abraço, porque maior amor não há. Nele eu sou melhor, sou eu mesma, sou completa. No Teu abraço, só no Teu abraço. Minha morada, meu lugar secreto. Leva-me pro Teu abraço, pra sempre e nada mais.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

QUANDO NINGUÉM TE VÊ

Foto: autor desconhecido

Somos a expectativa do outro. Somos tudo aquilo que o outro espera de nós. E aí, nos tornarmos em nossas ausências. Somos a necessidade de bondade que os outros têm. Somos a preocupação que o outro precisa receber. Somos o ombro amigo e muitas vezes o corpo inteiro que carrega fardos que são de todos e não nossos. Somos o olhar do outro sobre nós, enquanto nossos olhos não conseguem se ver. E neste processo de ser tudo aquilo que as pessoas clamam, tudo aquilo que as pessoas esperam,tudo aquilo que elas muitas vezes precisam, deixamos de ser quem somos. A busca por satisfazer o outro de alguma forma, satisfaz a nós mesmos. Ser aquilo que o outro espera, gera uma aparente segurança que nos impede de sermos rejeitados. Se nos os frustramos, não somos frustados em não atender aquilo que o outro precisa. E nos exigimos bonzinhos demais, certinhos demais, padrões demais...que não são nossos. Incorporamos crenças que não temos, mas que assumimos dos outros. Criamos lógicas de comportamento que não fazem o menor sentido, embora acreditamos ser o sentido da nossa vida. Tentamos evitar o sofrimento do outro com a preocupação que temos com ele. E assim, tentamos evitar o nosso próprio sofrimento, causando algo ainda pior. Numa sociedade altamente exigente com o outro, deixamos de ser nós mesmos para agradar aos outros e satisfazer as expectativas e padrões da sociedade. Nos abandonamos no meio do caminho e seguimos como se a ausência de nós mesmos não os fizesse falta. Nos acostumamos com o olhar do outro e nos acomodamos em sermos ou pelo menos tentarmos ser aquilo que lhe agrada. Bons ou maus, alegres ou tristes, realizados ou frustrados, somos aquilo que somos quando ninguém nos vê. Quando ninguém te olha e você está consigo mesmo, quem você vê? A questão é que seguimos adiante sem parar para olhar pra nós mesmos e é preciso se encontrar pra se chegar onde quer. Somos a nossa melhor companhia e isto é imprescindível para  o sucesso da caminhada. Pare um instante, encontre consigo mesmo. Quais são suas essencias, seus valores, suas crenças (não as dos outros?). Em que você realmente acredita? Consegue acreditar em você? Mantenha um diálogo franco e seguro consigo mesmo e se reconheça. Se descubra ou redescubra se necessário for. Quando ninguém te vê é o melhor momento de você se olhar e descobrir exatamente quem se é. Não tenha medo de enfrentar o seu melhor ou seu pior, você é seu melhor amigo, aquele com quem poderá contar e o único que será capaz de ajudar a torná-lo em uma pessoa ainda melhor. Deus espera este encontro, esta reconciliação para realizar em você tudo aquilo que planejou. Não perca tempo.

domingo, 16 de dezembro de 2012

MINHAS PALAVRAS

Imagem: autor desconhecido

Palavras pra mim são contraditórias e ao mesmo tempo fascinantes. As que calo me aprisionam. As que digo, me liberta para um mundo inteiro de possibilidades. Se bem ditas, podem transformar realidades cinzas em um verdadeiro arco-íris. Confesso, busco sempre bem dizê-las embora nem sempre eu consiga. As vezes, as mal digo. As palavras me levam a caminhos que muitas ações, isoladas, não conseguiriam me levar. Me apresentam possibilidades. Curam feridas. Me revelam quem eu sou, no mais escondido do meu eu. Quantas vezes a palavra que digo ao outro me impacta tão ou mais que os outros que a ouvem. Cruéis podem ser as palavras que ouço, principalmente as que malditas eu insisto em guardar no coração. É que o coração não foi feito para armazenar o que não é bom. É um lugar sagrado, de beleza. Quando acumula lixo, grita, adoece e muitas vezes em forma de palavras. É assim comigo e com você. Mas palavras devem ser cuidadas, assim como as pessoas. Devemos saber silenciá-las e dizê-las na hora certa, mais ainda, da forma certa. Converso com mim mesma a todo instante,mas as vezes a conversa é dura e cruel, como não deveria ser. As palavras devem ser usadas com amor para não causarem dor. E quando boas, e quando amáveis, não devem ser caladas sem antes serem ditas a si mesmo e aos outros. Se não conseguir verbalizá-las em forma de diálogo, pegue um papel e as escreva, ainda que soltas, desorganizadas. As palavras mesmo sem forma, têm o poder de organizar as coisas dentro da gente, principalmente os sentimentos. As palavras de amor que não dissemos nos adoece, mas quando as usamos de maneira franca e sincera, ah, as palavras são capazes de realizar o que há de mais lindo, belo, puro e restaurador que você já pode imaginar.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

ESCRITURA DE SI MESMO

Foto: autor desconhecido

O território da nossa vida não é abandonado, pelo menos não deveria ser. Como um lote vago é assumido por algo, ainda que entulho e lixo, a nossa vida também é assumida de alguma forma. Se nos abandonarmos, outros virão depositar lixos, jogar entulhos. Os matos ocuparão os espaços vazios causando o medo, esconderijo de ratos e tantas coisas que nos fazem mal. Mal cheiro, escombros, escuro que nos impedem de enxergar a amplitude do terreno, a beleza da obra que ali pode ser feita. Os lotes vagos e abandonados, nos impede de enxergar o valor que têm. Por isto, quando se pretende vender um terreno ele é antes limpo e cuidado, para então ser devidamente valorizado pelo possível comprador. Com o território da nossa vida não deve ser diferente. Se não nos cuidamos, amamos e preenchemos este território com a construção daquilo que somos, alguém irá fazê-lo por nós e a construção ou desconstrução do outro pode nos magoar. Obras inacabadas, ruínas. Ladrões que vêem roubar o nosso espaço. Assuma o terreno que é você. Conquiste o território de si mesmo. Olhe pra si mesmo com olhos de amor. Há muito lixo? Coloque as luvas e comece você mesmo a limpar tudo o que é sujo, tudo o que é lixo e descartável. Se contaminado,  jogue o veneno do amor próprio e purifique o espaço que você é. O auto conhecimento é uma maneira de colocar a escritura da sua vida no seu nome. Faça isto. Não tenha medo de olhar pro território da sua vida e assumir as suas imperfeições, os seus limites. Não tema iniciar a obra que você não sabe quando conseguirá terminar, mas começar pode ser agora. Não tenha medo de olhar pro seu território com olhos de verdade, descobri nele as rachaduras no muro ou as cercas destruídas pelo saqueadores. Comece a limpeza de si mesmo, inicie a posse do seu território. Assine a escritura, coloque no seu nome, arrume as barreiras do amor próprio que coloca limites ao outro para que não venha roubar de você aquilo que você é e tem de melhor.

ESTA TAL VAIDADE

Foto: autor desconhecido


Sou vaidosa. Não, não pinto cabelo a cada 20 dias. Saio de casa sem esmaltes, nos pés e nas mãos. Nem todo dia passo batom. Sou vaidosa. Não, não tenho o carro e muito menos o celular da moda. Não conto vantagens ao meu respeito. Mas sim, sou extremamente vaidosa. Não me acho tão bonita quanto sei que sou. Quando olho no espelho, vejo mais as espinhas e manchas da minha pele que o brilho dos meus olhos. Sim, minha auto-estima não é boa como você imagina que seja a de todas as pessoas vaidosas. Não, pelo contrário. Acredito que auto-estima e vaidade são coisas quase que opostas. Enquanto a auto-estima é algo de dentro, da imagem que você faz de si mesmo, do gosto que você tem por ser quem é a vaidade é a preocupação com o olhar do outro, em ser aquilo que irá satisfazer ou superar as expectativas do outro. Vaidade. Sim, sou vaidosa. E é desta vaidade que se fala e se condena por aí. Se vestir bem, cuidar de si mesmo, tudo isto é bacana quando feito por si mesmo e não para os outros. Uma boa auto-estima é necessário e essencial para o equilíbrio da alma. Vaidade não. Destrói e te afasta de quem você realmente é. E não sendo quem você é, não possuindo a si mesmo, você não consegue se doar aos outros porque a gente não pode dar aquilo que não possui. Sim, sou vaidosa. E desconfio que você aí também seja. É que muitas vezes atribui como vaidade questões tão simples de auto estima e não coloca os olhos sobre as importâncias que status, poder, aceitação dos outros têm sobre você. Aprendamos a nos enxergar com olhos desvendados. Que possamos ter a coragem, porque é preciso coragem, de descobrir em nós as vaidades que nos afastam de nós mesmos. Para alguns, vaidade é a riqueza e os bens materiais. Para outros, a vaidade é estar esteticamente impecável por medo de não ser bem visto fisicamente aos olhos dos outros. Vaidade é o medo da rejeição, porque se você já não se possui ser rejeitado e não ter a menor chance de sobreviver. Observe a si mesmo e descubra quem você é. À medida que você possuir as suas verdades, aquilo que você é e porque você é, respeitar a sua história e aceitar a si mesmo, as vaidades vão perdendo a força e a autonomia, tão necessária e urgente na vida de cada um de nós, vai tomando forma e força em nós. Sou vaidosa, reconheço. Mas não me acomodo nas vaidades que descubro em mim. Entro num processo de faxina e de jogar fora estes excessos. Difícil? Demais. Mas necessário para que eu possa retomar a caminhada de "ser" aquilo que Deus tem pra mim. Todos, digo todos, nós temos nossas vaidades. Você também não está fora disto. E que possa então ter a coragem de reconhecê-las agora, de encarar suas realidades e seguir adiante nesta caminhada de ser melhor do que já é...não para os outros, mas acima de tudo, para você mesmo.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MEU CAMINHO






Na caminhada da minha vida tenho aprendido que a velocidade do passo não garante a certeza da chegada. Muitas vezes, quando me apresso o passo, perco a beleza que está no caminho e tantas coisas que ele temp pra me ensinar. As pedras que ultrapasso me revelam a capacidade que tenho para ultrapassar as barreiras da vida. A firmeza das passadas, a força que tenho para seguir em frente. Se me canso na caminhada, aprendo a respeitar meus limites e a aceitar que o descanso não é retrocesso mas acima de tudo respeito a mim mesma. Na caminhada da minha vida aprendo a cada instante. Tento frear meus passos, olhar ao redor. Cumprimentar as pessoas, sorrir para os pássaros. Acreditar que como eles eu posso voar, ir mais além. Na caminhada da minha vida aprendo a aceitar o ritmo dos outros. Entendo que nem todos estão preparados para caminhar comigo. Alguns mais à frente, outros mais atrás. Não posso parar o meu caminho para esperar os que estão atrasados. Eles têm o ritmo deles e eu o meu. Não preciso correr para alcançar os que estão à frente, corro o risco de tropeçar e me machucar. É preciso seguir do meu jeito, com calma. Mas seguir adiante.Respirar bem fundo, sentir o sabor do vento. Levar comigo apenas as bagagens que reamente preciso e que são possíveis de carregar. Deixar pra trás os pesos excessivos. Aquilo que torna ainda mais difícil caminhar. Seguir o mais leve que puder e deixar que cada vez mais a leveza tome conta dos meus passos,ainda que meus pés se cansem...se a alma estiver leve, mais passos posso dar. Na caminhada da minha vida eu preciso estar atenta. Olhar pra mim mesmo e não desviar os olhos daquilo que realmente sou. Apreciar as flores, aproveitar o sol e não reclamar da chuva. Me refrescar quando ela vier. Não meter as tempestades, porque sempre haverá o refúgio onde eu possa me abrigar. E depois dela, que a pressa não me impeça de ver o arco-íris que me aponta onde irei chegar.

terça-feira, 12 de junho de 2012

DIA DOS ENAMORADOS



Um dia, resolvi não concordar com as pessoas que diziam que só experimentava o amor quem tinha um namorado. Estas coisas de sexo oposto que já deixaram de ser quando o homossexualismo chegou pra desmascarar tudo. Suspeitava que isto era mesmo uma mentira. Sempre duvidei que amor fosse apenas esta coisa que sentimos quando dividimos a saliva e a cama com alguém. Pra mim, amor não é beijo na boca. Não que beijo na boca não seja uma das maravilhas do mundo, mas amar é mais que isto. Eu acredito! Então, um tal de Aurélio me contou que existia o enamorar. E que enamorar era inspirar amor em alguém ou simplesmente deixar-se possuir de amor. E nisto, confirmei minha suspeita. Dia dos Namorados não devia se assim chamado. Não só está apaixonado quem está atualmente namorando no seu status civil. Os casados também amam. Os solteiros também amam. Os sozinhos também amam alguém que já passou pela sua vida e deixou o amor como recordação. Ama, aquele que é inspirado pela beleza da natureza. Os que se apaixonam pela vida também amam tudo e todos que nela estão. Dia dos Namorados não é celebração do amor. Nem todo namorado está certamente apaixonado. Vejo muitos casais por aí que namoram a presença do outro que o impede de ficar sozinho. Namorados que amam o dinheiro e status do outro. Namorados que amam a companhia nas baladas, que amam os amassos debaixo dos lençóis mas que não amam o amor que o outro desperta nele. Se é que o desperta, o amor. Certo seria que hoje fosse Dia dos Enamorados. Aí sim, seria celebrada toda forma de amor. Todos os apaixonados, todos os artistas que pintam o amor e todas as suas cores nas mais diversas formas. Hoje, seria o dia dos voluntários. Seria o dia dos avós e avôs. Dia de pai e mãe, dia de filho. Seria o dia do irmão e da irmã, dos amigos que são a família que a gente escolhe ter. Seria o dia das paqueras que por um instante a gente ama ter como companhia. Seria o dia dos casamentos duradouros, dos amores que insistem em ser pra sempre. Dia dos Enamorados era um dia pra comemorar as paixões e suas facetas. Enamorados os que se deixam levar pelo amor, viajam nele por caminhos surpreendentes e distantes. Enamorados os que inspiram o amor como os poetas, cantores e trovadores. Enamorados, as crianças que se abraçam na hora do recreio. Os velhos que ainda andam de mãos dadas. Dia dos Enamorados não seria dia de fazer fila em motéis, de recorde de vendas em sex shop e muito menos o dia dos amantes. Enamorar-se não é simplesmente seduzir e ter prazer. Muito menos apenas dar prazer e pronto. Enamorar-se é entregar-se ao outro e apaixonar-se pelo que ele representa na sua vida. Enamorar-se é relembrar estórias, é desejar companhia mais que beijo na boca. Dia dos Enamorados é dia de dizer "Eu te amo", dar um abraço apertado e sem hora pra acabar. Enamorados são os únicos capazes de eternizar os momentos, por mais curtos que sejam. Enamorados não são nenhum pouco lucrativos para o comércio, é verdade. Beijos, abraços, bilhetes de amor, um olhar carinhos, nada disto tem seu preço. Nenhum gesto enamorado pode ser revertido em compra, venda ou aluguel. Nenhum dinheiro do mundo pagaria o que se sente quando está enamorado. Talvez por isto seja mais lucrativo vender o namoro, que pode ser gostoso, mas é limitado e nos rouba a chance de compreender que enamorar-se não exige fidelidade porque é livre, belo e simplesmente maravilhoso. E a partir de então, passei a celebrar os ENAMORADOS e nada mais.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

NO OPOSTO

Foto: autor desconhecido
E me apontam a direção. O rumo que devo tomar, a forma com que devo andar ou me vestir. Apontam meu defeitos como se eles determinassem aquilo que sou. Apontam o caminho que muitas vezes é o mais fácil mas menos eficaz. Apontam como se tivessem certeza, como se soubessem exatamente pra onde irão me levar. Não sabem. A vida nos aponta, a sociedade praticamente nos empurra para o caminho que ela acha que devo seguir. O emprego fácil, o marido rico, o preconceito com alguém fora dos padrões impostos, a omissão dos sentimentos,  a superficialidade e as futilidades que é mais conveniente ter. Os dedos apontados na minha direção e tantas outras que devo seguir me incomodam, mas não me intimidam mais. Muitas e tantas vezes segui a direção que me disseram por medo de fracassar com a diferença, com a rebeldia de não caminhar na direção que me sugeriam. Medo de ser eu mesma, talvez. Medo de desagradar, de fracassar. Fracasso mesmo é não seguir pra onde a gente acredita que deve ir. É não ser aquilo que somos e queremos ser pra nós mesmos e pro mundo e aí, resolvi fazer minhas vontades, andar conforme minha intuição. Não, não quero mais seguir caminhos impostos e apontados como receitas prontas para o sucesso. Quero seguir adiante, ainda que entre erros e quedas, que nada mais me farão do que crescer e aprender. Não, não me apontem direções vazias com pobres argumentos. Prefiro ouvir a voz de Deus que fala aqui, bem dentro de mim e pertinho do ouvido. Ela me move pra onde eu devo chegar e se não for aonde você queria que eu estivesse, me desculpe. É que eu decidi que viver pra mim é muito mais ser eu mesma e aquilo que Deus quer, do que o que você espera que eu seja. E fim.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TAL FRAQUEZA



Somos fracos para carregas as pressões do dia a dia. Somos frágeis, não suportamos a fama que um dia tanto sonhamos alcançar. Somos fracos para suportar os sonhos que os outros impõem a nós, as expectativas em excesso de tantas coisas que nem ao menos prometemos realizar. Somos frágeis, esta é a verdade, mas é difícil aceitar. Somos fracos para aguentar os medos, as angústias e as inseguranças que insistimos em carregar.Somos frágeis, não pense que não somos. Tanto quanto você, somos frágeis. A fraqueza que temos não nos deixa menores que os outros, porque embora diferentes, não há exceção. Humanos que somos, temos limites e estes limites são os que nos deixa frágeis, não fortes o suficiente para suportar tantas coisas. Frágeis, tão frágeis que muitos passam a vida fingindo ser fortes e por isto gritam, brigam, batem, matam, para demonstrar uma força que não têm a fim de mostrar a fraqueza que é uma  ferida aberta dentro do peito. Frágeis, que tomamos remédios pra dormir, suportar as dores do mundo, a solidão, os medos, esquecer de tudo e tantas vezes, esquecer a própria vida. Frágeis, isto que somos. Vivemos com máscaras, fingimos o que não somos, ter o que não temos. A fraqueza da cobiça pelo que o outro tem, da inveja, a fraqueza da maldade que mata sem motivo algum, como se houvesse algum motivo válido para tirar a vida de alguém, ou a própria vida. Somos frágeis, não suportamos traições, tememos a solidão. Não suportamos término de namoro, casamento, não aprendemos ou não sabemos perder. Queremos ganhar e querer ganhar o tempo todo nada mais é que a fraqueza que somos,que temos. Frágeis, somos frágeis. A fraqueza do medo que nos impede de agir, a fraqueza da intolerância que não aceita as diferenças e não respeita a opinião do próximo. A falta de amor, maior das fraquezas, causa de tantos desastres por dentro e por fora da gente. Somos frágeis. Bebemos pra justificar a ausência do controle que não temos, nos drogamos pra viver sensações que não sabemos viver. Matamos porque não sabemos amar diferente, não sabemos dividir, não conhecemos o respeito, matamos que é pra não morrer de uma fraqueza que enlouquece. Frágeis, seres humanos. Todos os dias no noticiário. O filho roubado pela fraqueza de não suportar a infertilidade. A ansiedade, fraqueza de não saber esperar e respeitas os próprios limites. O sequestro, fraqueza de sentir prazer ao ter alguém sob o domínio próprio, domínio que não se tem. As fraquezas humanas hoje são expostas como BBB, com excelente audiência de tantos outros que não admitem as próprias fraquezas e se divertem sobre as fraquezas dos outros. Assunto dos maiores noticíarios do país e do mundo, a fraqueza tem causado mortes, escândalos, assaltos, assassinatos, suicídios, polêmicas e tanta,tanta violência. Quanta fraqueza! Não era pra ser encarado desta forma o fato de sermos frágeis. A nossa fragilidade é o que nos torna tão encantadores, tão diferentes dos outros animais. Fragilidade que nos deixa doces, humildes, que nos torna humanos. Esta fragilidade que nos faz acolher o outro e sermos acolhidos. Fragilidade,ela sim é a nossa força. E se não formos capazes de aceitá-la como tal, de assumirmos como somos, ela nos torna desumanos o que não nos fragiliza, mais do que somos, mas o que nos incapacita e nos impede de sermos tudo aquilo que nascemos pra ser.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

ANDO DEVAGAR



Não, eu não gosto de radicalidades. Estas coisas que acontecem, que tiram o chão, que mudam totalmente o rumo das coisas para que uma outra mudança aconteça. Raspar o cabelo pra se mostrar autêntica. Saltar de páraquedas pra dizer que é livre. Parar de comer pra emagrecer. Adoecer pra dar valor à saúde. Não, nada disto me comove e muito menos me convence. Não gosto de radicalidades e não quero ter que passar por elas pra seguir o caminho reservado pra mim. Gosto de aprender sem grandes conflitos, observar o passo dos outros e ditar meu ritmo. Gosto de, no silêncio, ouvir a voz de Deus, sem ter que ouvir o grito Dele em meio a tanto barulho que eu possa fazer. Não quero as radicalidades, por mim, abro mão de cada uma delas. Isto não me garante que passe a vida inteira aprendendo sem conflitos, mas me proporciona aprender grande parte das coisas sem passar por terremotos e vulcões. Não, eu não gosto de radicalidades. Estes sacrifícios absurdos que as pessoas fazem pra alcançar aquilo que desejam. Tão mais simples é incorporar novos hábitos, adquirir boas maneiras, dar um passo de cada vez. Os imediatismos movem as radicalidades. Esta coisa da ansiedade, do ter agora e não amanhã. De não saber esperar, de ter que provar aos outros que se é capaz, como se as vitórias e conquistas só fossem possíveis na correria, ignorando cada passo que o vencedor dá durante o seu trajeto. Não, não gosto de nada disto. Prefiro seguir sempre adiante, sem recuar, sem vacilar, mas respeitar meus limites e a cada dia dar um passo novo rumo ao lugar que quero chegar. Se quero emagrecer, faço caminhadas, uma atividade física ou outra e moldo minha alimentação aos hábitos mais saudáveis. Cortos os excessos e as carências, porque tanto um quanto o outro nos fazem mal. Se quero alcançar um sonho que é caro, economizo a cada dia, sempre um pouco, pacientemente, até chegar ao valor que tanto desejo. Se quero correr, aperto o passo da caminhada que é pro corpo não sofrer com a corrida repentina e o coração se acostumar ao batimento mais forte. Tudo mais lentamente, mais pacientemente. Não, não pense que é fácil e tão menos que eu tiro de letra este jeito manso de viver. Longe disto. Mas é assim que acredito ser melhor, é assim que minha alma pede pra viver, embora vez ou outra eu a atropele com meus sentimentos tolos de satisfação aos outros e a mim mesma, imediatamente. Ando devagar, porque conheço a pressa e sei que com ela o risco é sempre maior. Lentamente, aprecio a paisagem, aprendo com os passos, conheço meus limites e minha caminhada fica cada vez mais segura pra chegar ao fim, ainda que lentamente.