sábado, 29 de dezembro de 2012

SOU EU

Foto: autor desconhecido

Sou complexa, incompleta. Me construo e reconstruo a todo instante. Sou o medo de uma vida morta, sem sentido. Sou as fragilidades que insisto em não aceitar e as qualidades difíceis de assumir. Sou aquilo que sou e o que os outros querem que eu seja. As vezes sou mais o que os outros esperam e tão pouco de mim. Me perco. Sou a busca pelo meu reencontro. Sou a coragem em me enfrentar, descobrir, revelar. Sou inteiramente amor ainda que me perca na forma de demonstrá-lo. Ainda que o amor me assuste, amedronte, machuque. Sou o amor todo que sinto e a falta que as vezes ele me faz. Sou alegria e angústia. Ansiedade e tranquilidade. Medo e coragem. Sou os meus sonhos não realizados e todos aqueles que já conquistei. Sou minha infância de sorrisos, minha rebeldias de adolescente e minhas expectativas de futuro. Hoje,sou quem eu quero ser. Talvez já seja, mas é que tô me reencontrando pra ver quem eu acho. Sou as transformações de cada encontro comigo mesma. Sou o impacto das palavras.Sou meus sentimentos mais guardados. Sou feliz, embora as vezes um pouco triste. Sou quem eu mais admiro e com quem muitas vezes me decepciono. Tenho uma relação de amor e cobrança comigo mesma. Quero demais de mim, as vezes mais do que posso dar. Preciso ser mais tolerante, amável comigo mesma. Sou a vontade de ser melhor e a dedicação para que isto aconteça o quanto antes. Sou a ansiedade em ser aquilo que Deus quer que eu seja, embora eu saiba que Ele precisa da minha paciência pra me levar até lá. Sou um monte de pensamentos e as vezes um pouco de ação. Sou palavras e gestos. Sou a intensidade de uma tempestade que passa. As vezes sou arco-íris. Sou a palavra amiga para as pessoas e tento, sim, tento ser pra mim mesma também. Sou o desejo de tornar todos felizes para que eu também seja um pouco mais. Sou a satisfação com a realização do próximo e as inseguranças que tenho em lidar com os fracassos. Sou perfeccionista embora não tão detalhista. Sou a luz que surge no meio da escuridão. A sinceridade que falta na maioria das vezes. Sou a honestidade em revelar quem sou. Sou a falta de vergonha de assumir meus erros quando apontados de forma suave. Sou a fala aberta, o coração escancarado. Sou a idealista que sonha em um mundo melhor, maior, mais feliz.  Sou o pássaro que saiu do cativeiro e ainda aprende como voar e sobreviver do lado de fora. Sou a borboleta que desamassa as asas e aprende a lidar com a nova forma. Sou esta metamoforse e como tal, sou a adaptação. Sou oito ou oitenta. Sou fiel até o fim. Sou cheia de fé e ao mesmo tempo com tão pouco dela. Sou um vaso que retorna ao oleiro para ser quebrado e refeito. Sou tudo o que vivi e tudo aquilo que viverei. Sou o que escolho ser hoje, ainda que o que sou seja temporário. Sou as mudanças que terei que viver, os sonhos que irei realizar e já realizo. Sou muito mais do que vejo no espelho, sou a minha alma: escancarada, iluminada, linda,leve, cintilante...mas que ainda não descobriu que mesmo com as luzes apagadas é capaz de brilhar ainda mais!

ABRAÇO DO PAI

Foto:autor desconhecido

Descanso. Abrigo. Consolo. Paz. Tranquilidade. O silêncio das respostas que busco. Aconchego. Segurança. Apoio. Enxugo para as minhas lágrimas, até mesmo as que ainda não caíram. A calma que preciso para seguir em frente. O ar que eu respiro profundo e suavemente. Afeto. Carinho. Amor. A cura para todos os meus medos e inseguranças. A compreensão que não encontro no mundo. O olhar acolhedor traduzido em tato. Contato. Uma brisa leve no rosto. Uma leveza na alma. O acariciar dos cabelos. Deitar a cabeça no Teu peito e sentir regular meu coração com o Teu. Derramar meus sentimentos sem vergonha. Envolver-me em seus braços. Ouvir a Tua respiração,as batidas do Teu coração. Entregar meus receios, diluir as ansiedades. Sentir. Viver. Curtir. Me entregar nos seus braços, no Teu abraço é isto. O Teu abraço é o melhor lugar pra estar, morar, existir. É no Teu abraço que me encontro, que me devolvo, que me envolvo, que sou. Fora dele, não me reconheço, me perco, não me acho. O Teu abraço, ah, o Teu abraço. Fecho os olhos que é pra aguçar os sentidos. Te vejo melhor quando olho pra dentro de mim. Te encontro em meu peito que o nosso abraço selou. No Teu abraço quero passar os dias, as horas, as semanas. No Teu abraço quero passar meus anos, todos os que ainda me restam viver. No Teu abraço quero construir a minha história, gerar os meus filhos, meu riso, meus sonhos. Construir minha família, amar meu marido, ser mãe,filha, mulher. Só no Teu abraço eu quero ser. Só no Teu abraço eu posso ser. Mais. Melhor. Tudo aquilo que planejou. No Teu abraço, me leva. Me envolve, me chama, me prende. Não me deixe sair. Pode apertar se tiver que ser, ainda que eu saiba da tua liberdade em me deixar ir e vir quando quiser. Mas por favor, faça-me permanecer. Convence-me do Teu melhor. Não me deixe vacilar. Seduza-me no Teu abraço, porque maior amor não há. Nele eu sou melhor, sou eu mesma, sou completa. No Teu abraço, só no Teu abraço. Minha morada, meu lugar secreto. Leva-me pro Teu abraço, pra sempre e nada mais.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

QUANDO NINGUÉM TE VÊ

Foto: autor desconhecido

Somos a expectativa do outro. Somos tudo aquilo que o outro espera de nós. E aí, nos tornarmos em nossas ausências. Somos a necessidade de bondade que os outros têm. Somos a preocupação que o outro precisa receber. Somos o ombro amigo e muitas vezes o corpo inteiro que carrega fardos que são de todos e não nossos. Somos o olhar do outro sobre nós, enquanto nossos olhos não conseguem se ver. E neste processo de ser tudo aquilo que as pessoas clamam, tudo aquilo que as pessoas esperam,tudo aquilo que elas muitas vezes precisam, deixamos de ser quem somos. A busca por satisfazer o outro de alguma forma, satisfaz a nós mesmos. Ser aquilo que o outro espera, gera uma aparente segurança que nos impede de sermos rejeitados. Se nos os frustramos, não somos frustados em não atender aquilo que o outro precisa. E nos exigimos bonzinhos demais, certinhos demais, padrões demais...que não são nossos. Incorporamos crenças que não temos, mas que assumimos dos outros. Criamos lógicas de comportamento que não fazem o menor sentido, embora acreditamos ser o sentido da nossa vida. Tentamos evitar o sofrimento do outro com a preocupação que temos com ele. E assim, tentamos evitar o nosso próprio sofrimento, causando algo ainda pior. Numa sociedade altamente exigente com o outro, deixamos de ser nós mesmos para agradar aos outros e satisfazer as expectativas e padrões da sociedade. Nos abandonamos no meio do caminho e seguimos como se a ausência de nós mesmos não os fizesse falta. Nos acostumamos com o olhar do outro e nos acomodamos em sermos ou pelo menos tentarmos ser aquilo que lhe agrada. Bons ou maus, alegres ou tristes, realizados ou frustrados, somos aquilo que somos quando ninguém nos vê. Quando ninguém te olha e você está consigo mesmo, quem você vê? A questão é que seguimos adiante sem parar para olhar pra nós mesmos e é preciso se encontrar pra se chegar onde quer. Somos a nossa melhor companhia e isto é imprescindível para  o sucesso da caminhada. Pare um instante, encontre consigo mesmo. Quais são suas essencias, seus valores, suas crenças (não as dos outros?). Em que você realmente acredita? Consegue acreditar em você? Mantenha um diálogo franco e seguro consigo mesmo e se reconheça. Se descubra ou redescubra se necessário for. Quando ninguém te vê é o melhor momento de você se olhar e descobrir exatamente quem se é. Não tenha medo de enfrentar o seu melhor ou seu pior, você é seu melhor amigo, aquele com quem poderá contar e o único que será capaz de ajudar a torná-lo em uma pessoa ainda melhor. Deus espera este encontro, esta reconciliação para realizar em você tudo aquilo que planejou. Não perca tempo.

domingo, 16 de dezembro de 2012

MINHAS PALAVRAS

Imagem: autor desconhecido

Palavras pra mim são contraditórias e ao mesmo tempo fascinantes. As que calo me aprisionam. As que digo, me liberta para um mundo inteiro de possibilidades. Se bem ditas, podem transformar realidades cinzas em um verdadeiro arco-íris. Confesso, busco sempre bem dizê-las embora nem sempre eu consiga. As vezes, as mal digo. As palavras me levam a caminhos que muitas ações, isoladas, não conseguiriam me levar. Me apresentam possibilidades. Curam feridas. Me revelam quem eu sou, no mais escondido do meu eu. Quantas vezes a palavra que digo ao outro me impacta tão ou mais que os outros que a ouvem. Cruéis podem ser as palavras que ouço, principalmente as que malditas eu insisto em guardar no coração. É que o coração não foi feito para armazenar o que não é bom. É um lugar sagrado, de beleza. Quando acumula lixo, grita, adoece e muitas vezes em forma de palavras. É assim comigo e com você. Mas palavras devem ser cuidadas, assim como as pessoas. Devemos saber silenciá-las e dizê-las na hora certa, mais ainda, da forma certa. Converso com mim mesma a todo instante,mas as vezes a conversa é dura e cruel, como não deveria ser. As palavras devem ser usadas com amor para não causarem dor. E quando boas, e quando amáveis, não devem ser caladas sem antes serem ditas a si mesmo e aos outros. Se não conseguir verbalizá-las em forma de diálogo, pegue um papel e as escreva, ainda que soltas, desorganizadas. As palavras mesmo sem forma, têm o poder de organizar as coisas dentro da gente, principalmente os sentimentos. As palavras de amor que não dissemos nos adoece, mas quando as usamos de maneira franca e sincera, ah, as palavras são capazes de realizar o que há de mais lindo, belo, puro e restaurador que você já pode imaginar.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

ESCRITURA DE SI MESMO

Foto: autor desconhecido

O território da nossa vida não é abandonado, pelo menos não deveria ser. Como um lote vago é assumido por algo, ainda que entulho e lixo, a nossa vida também é assumida de alguma forma. Se nos abandonarmos, outros virão depositar lixos, jogar entulhos. Os matos ocuparão os espaços vazios causando o medo, esconderijo de ratos e tantas coisas que nos fazem mal. Mal cheiro, escombros, escuro que nos impedem de enxergar a amplitude do terreno, a beleza da obra que ali pode ser feita. Os lotes vagos e abandonados, nos impede de enxergar o valor que têm. Por isto, quando se pretende vender um terreno ele é antes limpo e cuidado, para então ser devidamente valorizado pelo possível comprador. Com o território da nossa vida não deve ser diferente. Se não nos cuidamos, amamos e preenchemos este território com a construção daquilo que somos, alguém irá fazê-lo por nós e a construção ou desconstrução do outro pode nos magoar. Obras inacabadas, ruínas. Ladrões que vêem roubar o nosso espaço. Assuma o terreno que é você. Conquiste o território de si mesmo. Olhe pra si mesmo com olhos de amor. Há muito lixo? Coloque as luvas e comece você mesmo a limpar tudo o que é sujo, tudo o que é lixo e descartável. Se contaminado,  jogue o veneno do amor próprio e purifique o espaço que você é. O auto conhecimento é uma maneira de colocar a escritura da sua vida no seu nome. Faça isto. Não tenha medo de olhar pro território da sua vida e assumir as suas imperfeições, os seus limites. Não tema iniciar a obra que você não sabe quando conseguirá terminar, mas começar pode ser agora. Não tenha medo de olhar pro seu território com olhos de verdade, descobri nele as rachaduras no muro ou as cercas destruídas pelo saqueadores. Comece a limpeza de si mesmo, inicie a posse do seu território. Assine a escritura, coloque no seu nome, arrume as barreiras do amor próprio que coloca limites ao outro para que não venha roubar de você aquilo que você é e tem de melhor.

ESTA TAL VAIDADE

Foto: autor desconhecido


Sou vaidosa. Não, não pinto cabelo a cada 20 dias. Saio de casa sem esmaltes, nos pés e nas mãos. Nem todo dia passo batom. Sou vaidosa. Não, não tenho o carro e muito menos o celular da moda. Não conto vantagens ao meu respeito. Mas sim, sou extremamente vaidosa. Não me acho tão bonita quanto sei que sou. Quando olho no espelho, vejo mais as espinhas e manchas da minha pele que o brilho dos meus olhos. Sim, minha auto-estima não é boa como você imagina que seja a de todas as pessoas vaidosas. Não, pelo contrário. Acredito que auto-estima e vaidade são coisas quase que opostas. Enquanto a auto-estima é algo de dentro, da imagem que você faz de si mesmo, do gosto que você tem por ser quem é a vaidade é a preocupação com o olhar do outro, em ser aquilo que irá satisfazer ou superar as expectativas do outro. Vaidade. Sim, sou vaidosa. E é desta vaidade que se fala e se condena por aí. Se vestir bem, cuidar de si mesmo, tudo isto é bacana quando feito por si mesmo e não para os outros. Uma boa auto-estima é necessário e essencial para o equilíbrio da alma. Vaidade não. Destrói e te afasta de quem você realmente é. E não sendo quem você é, não possuindo a si mesmo, você não consegue se doar aos outros porque a gente não pode dar aquilo que não possui. Sim, sou vaidosa. E desconfio que você aí também seja. É que muitas vezes atribui como vaidade questões tão simples de auto estima e não coloca os olhos sobre as importâncias que status, poder, aceitação dos outros têm sobre você. Aprendamos a nos enxergar com olhos desvendados. Que possamos ter a coragem, porque é preciso coragem, de descobrir em nós as vaidades que nos afastam de nós mesmos. Para alguns, vaidade é a riqueza e os bens materiais. Para outros, a vaidade é estar esteticamente impecável por medo de não ser bem visto fisicamente aos olhos dos outros. Vaidade é o medo da rejeição, porque se você já não se possui ser rejeitado e não ter a menor chance de sobreviver. Observe a si mesmo e descubra quem você é. À medida que você possuir as suas verdades, aquilo que você é e porque você é, respeitar a sua história e aceitar a si mesmo, as vaidades vão perdendo a força e a autonomia, tão necessária e urgente na vida de cada um de nós, vai tomando forma e força em nós. Sou vaidosa, reconheço. Mas não me acomodo nas vaidades que descubro em mim. Entro num processo de faxina e de jogar fora estes excessos. Difícil? Demais. Mas necessário para que eu possa retomar a caminhada de "ser" aquilo que Deus tem pra mim. Todos, digo todos, nós temos nossas vaidades. Você também não está fora disto. E que possa então ter a coragem de reconhecê-las agora, de encarar suas realidades e seguir adiante nesta caminhada de ser melhor do que já é...não para os outros, mas acima de tudo, para você mesmo.