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Amadurecer. Endurecer no amor. Firmar o amor ao solo. Tomar posse dele e não deixá-lo escapar, sob nenhuma possibilidade. Amadurecer não é endurecer o coração. Não. Amadurecer é se endurecer nele, no amor, como criança que endurece o corpo fazendo birra. É fazer birra para não deixar o amor ir embora. É fazer birra pra não ir embora da vida sem experimentar, viver e espalhar o amor. Amadurecer é permitir que o amor crie raízes e cresça em nós. É doer, isto é verdade. Mas é suportar a dor do amor com a certeza de que esta sempre vale a pena. Amadurecer é deixar-se crescer. É substituir os traumas, os medos, as inseguranças, receios, ansiedades e preocupações pela beleza que o amor, a tranquilidade, a confiança e a esperança são capazes de nos dar. Amadurecer é permitir-se enfrentar as durezas da vida e não fugir delas. Amadurecer é endurecer o corpo quando o medo aparece. É firmar as pernas, sem deixar que elas vacilem o nosso passo. É enfrentar a realidade, boa ou ruim, com a certeza de que o enfrentamento pode nos trazer desafios, mas muito mais força e coragem nos dará. Amadurecer é decisão, não é acaso. E escolher aprender com a vida, olhar de frente, encarar nos olhos. Acima de tudo, é se enrijecer no amor a si mesmo. É olhar pra dentro da gente e reconhecer quem somos. É nos encontrar de verdade e aceitar quem se é. É não se cobrar em excesso, é se permitir ser quem é. Amadurecer é amar aos outros através da nossa capacidade de amar quem somos. É confiar que vale a pena viver tudo o que se tem pra viver. É não temer dificuldades, sabendo que ela nos prepara para melhor encontrar as soluções. É chorar quando for preciso, mas sorrir na maioria das vezes. Amadurecer é permitir-se feliz, agradável, próspero, livre. Amadurecer é ter a liberdade e usá-la em favor de nós mesmos e dos outros. Amadurecer. Acontece imediatamente quando dentro da gente decidimos ir em frente, não recuar. Amadurecer acontece naquele exato momento em que você acha que não vai dar conta, que não é capaz, que é frágil, mas que ainda assim decide arriscar. O risco amadurece. Assim como amar. Amar é um risco, é verdade. Risco de ser rejeitado, risco de não ser correspondido, de ser decepcionado. Mas amar é acima de tudo amadurecer, sabendo que o amor está justamente no ato de amar e não naquilo que ele proporciona ou deixa de proporcionar. O bonito do amor acontece quando amadurecemos o suficiente para compreendê-lo. Esta doação que é o amor é doação, não precisa de nada em troca. Ela acalenta a alma, liberta das nossas prisões e é capaz de transformar o nosso jeito de olhar pro mundo e pra nós mesmos. Amadurecer. Endurecer no amor, fincar o pé na decisão de amar a todos, inclusive a si mesmo. Amar de verdade, por inteiro. E com isto ouvir, perdoar, doar o tempo, a atenção acima de tudo. Ama-durecer.