terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vontade danada

Foto: Inês Sacadura

Hoje eu acordei com uma vontade danada de sair sem rumo. De tomar café na padaria. De pedalar de bicicleta por uma estrada à beira das montanhas. De não ouvir meu nome. Levar apenas meu sobrenome pra passear por lugares aparentemente italianos em terras brasileiras. Acordei pensando que sou mais gente do que tenho sido. Com uma vontade danada de almoçar num piquenique acompanhada por mim mesma. Um almoço em silêncio, ouvindo apenas o canto dos passáros. Vontade danada de ver o vento bater no rosto. Quisera eu saber pilotar uma moto pra sair quase que voando de braços abertos feito Cristo Redentor. Uma redenção que eu preciso fazer de mim mesma. Dos meus medos. Dos meus erros e até mesmo dos acertos. Uma vontade danada de me redimir da perfeição. Do controle das coisas. Da previsão do futuro. Da ansiedade do que posso ser. Porque hoje eu tô com uma vontade danada de não ser nada disto. Uma vontade de ser eu mesma. De escrever bobagens. De dar gargalhadas de mim mesma e dos outros sem o menor compromisso com a seriedade. De dançar até doer os pés e ficar descalça que é para dançar mais além. Uma vontade danada de deitar na grama e pensar na vida. Não no futuro. Pensar apenas em tudo aquilo que posso ver. Vontade danada de passar a tarde comigo mesma e assim, depois de muito bem acompanhada me tornar uma excelente companhia para alguém. Este alguém por quem eu sinto uma vontade danada de ter agora. Esta vontade do abraço e do beijo que eu sinto. Esta vontade de simplesmente não fazer nada ao lado de alguém que pode ser nada mais que o suficiente e isto me basta pra matar a vontade danada que eu tenho de viver e ser feliz.


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