domingo, 12 de setembro de 2010

O brilho da maturidade


Foto: Olhares.com
Não. A maturidade não vem com a velhice. E a velhice que prepara para receber a maturidade. Esta que a gente tenta colher com os anos. Com ou sem sucesso. Esta maturidade que desconhecemos na infância. A maturidade que negamos na adolescência e que na juventude vem bater à nossa porta, transbordar em nossas lágrimas. Esta maturidade acompanhada de frustações, negações, privações. Sim, o sofrimento carrega a maturidade pra vida da gente. Mas não é só ele capaz de fazer isto. Encontramos a maturidade na vida das pessoas, nas esquinas, nos olhares alheios. Encontramos, embora mais difícil, a maturidade nas alegrias e nas conquistas que temos. Não, não é preciso ser velho para se deparar com ela. Não quero acreditar que apenas na velhice estarei madura o suficiente para viver a vida da melhor maneira que a gente pode viver. Não acredito nisto. Mas sei que nesta hora, quando as rugas bater em meu rosto, é que olharei pra trás e verei o quanto pude amadurecer ao longo do tempo. Terei aquele gosto pela vida que tive, pelas lutas que tive que enfrentar. Estarei contente e realizada pelos caminhos que passei e pelo lugar que cheguei. Mas antes, ainda agora, quero amadurecer a cada dia que é pra não perder o sabor da fruta que é viver. Aproveitar os instantes, valorizar as pessoas. Amar incondicionalmente. Ter a paciência necessária para viver sem pressa. Alimentar esperanças, espalhar sorrisos. Quero a maturidade que me cabe no dia de hoje. A quantidade suficiente para que eu seja feliz, na medida certa. Quero começar com o brilho no olhar, antes mesmo que as rugas tomem meu rosto. Quero este olhar atento, observador e admirador da vida. Quero contemplar tudo ao meu redor e traduzir em atos, gestos, olhares e sons , a todas as pessoas, o sentimento de que viver realmente faz sentido e vale muito a pena.

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