terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TAL FRAQUEZA



Somos fracos para carregas as pressões do dia a dia. Somos frágeis, não suportamos a fama que um dia tanto sonhamos alcançar. Somos fracos para suportar os sonhos que os outros impõem a nós, as expectativas em excesso de tantas coisas que nem ao menos prometemos realizar. Somos frágeis, esta é a verdade, mas é difícil aceitar. Somos fracos para aguentar os medos, as angústias e as inseguranças que insistimos em carregar.Somos frágeis, não pense que não somos. Tanto quanto você, somos frágeis. A fraqueza que temos não nos deixa menores que os outros, porque embora diferentes, não há exceção. Humanos que somos, temos limites e estes limites são os que nos deixa frágeis, não fortes o suficiente para suportar tantas coisas. Frágeis, tão frágeis que muitos passam a vida fingindo ser fortes e por isto gritam, brigam, batem, matam, para demonstrar uma força que não têm a fim de mostrar a fraqueza que é uma  ferida aberta dentro do peito. Frágeis, que tomamos remédios pra dormir, suportar as dores do mundo, a solidão, os medos, esquecer de tudo e tantas vezes, esquecer a própria vida. Frágeis, isto que somos. Vivemos com máscaras, fingimos o que não somos, ter o que não temos. A fraqueza da cobiça pelo que o outro tem, da inveja, a fraqueza da maldade que mata sem motivo algum, como se houvesse algum motivo válido para tirar a vida de alguém, ou a própria vida. Somos frágeis, não suportamos traições, tememos a solidão. Não suportamos término de namoro, casamento, não aprendemos ou não sabemos perder. Queremos ganhar e querer ganhar o tempo todo nada mais é que a fraqueza que somos,que temos. Frágeis, somos frágeis. A fraqueza do medo que nos impede de agir, a fraqueza da intolerância que não aceita as diferenças e não respeita a opinião do próximo. A falta de amor, maior das fraquezas, causa de tantos desastres por dentro e por fora da gente. Somos frágeis. Bebemos pra justificar a ausência do controle que não temos, nos drogamos pra viver sensações que não sabemos viver. Matamos porque não sabemos amar diferente, não sabemos dividir, não conhecemos o respeito, matamos que é pra não morrer de uma fraqueza que enlouquece. Frágeis, seres humanos. Todos os dias no noticiário. O filho roubado pela fraqueza de não suportar a infertilidade. A ansiedade, fraqueza de não saber esperar e respeitas os próprios limites. O sequestro, fraqueza de sentir prazer ao ter alguém sob o domínio próprio, domínio que não se tem. As fraquezas humanas hoje são expostas como BBB, com excelente audiência de tantos outros que não admitem as próprias fraquezas e se divertem sobre as fraquezas dos outros. Assunto dos maiores noticíarios do país e do mundo, a fraqueza tem causado mortes, escândalos, assaltos, assassinatos, suicídios, polêmicas e tanta,tanta violência. Quanta fraqueza! Não era pra ser encarado desta forma o fato de sermos frágeis. A nossa fragilidade é o que nos torna tão encantadores, tão diferentes dos outros animais. Fragilidade que nos deixa doces, humildes, que nos torna humanos. Esta fragilidade que nos faz acolher o outro e sermos acolhidos. Fragilidade,ela sim é a nossa força. E se não formos capazes de aceitá-la como tal, de assumirmos como somos, ela nos torna desumanos o que não nos fragiliza, mais do que somos, mas o que nos incapacita e nos impede de sermos tudo aquilo que nascemos pra ser.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

ANDO DEVAGAR



Não, eu não gosto de radicalidades. Estas coisas que acontecem, que tiram o chão, que mudam totalmente o rumo das coisas para que uma outra mudança aconteça. Raspar o cabelo pra se mostrar autêntica. Saltar de páraquedas pra dizer que é livre. Parar de comer pra emagrecer. Adoecer pra dar valor à saúde. Não, nada disto me comove e muito menos me convence. Não gosto de radicalidades e não quero ter que passar por elas pra seguir o caminho reservado pra mim. Gosto de aprender sem grandes conflitos, observar o passo dos outros e ditar meu ritmo. Gosto de, no silêncio, ouvir a voz de Deus, sem ter que ouvir o grito Dele em meio a tanto barulho que eu possa fazer. Não quero as radicalidades, por mim, abro mão de cada uma delas. Isto não me garante que passe a vida inteira aprendendo sem conflitos, mas me proporciona aprender grande parte das coisas sem passar por terremotos e vulcões. Não, eu não gosto de radicalidades. Estes sacrifícios absurdos que as pessoas fazem pra alcançar aquilo que desejam. Tão mais simples é incorporar novos hábitos, adquirir boas maneiras, dar um passo de cada vez. Os imediatismos movem as radicalidades. Esta coisa da ansiedade, do ter agora e não amanhã. De não saber esperar, de ter que provar aos outros que se é capaz, como se as vitórias e conquistas só fossem possíveis na correria, ignorando cada passo que o vencedor dá durante o seu trajeto. Não, não gosto de nada disto. Prefiro seguir sempre adiante, sem recuar, sem vacilar, mas respeitar meus limites e a cada dia dar um passo novo rumo ao lugar que quero chegar. Se quero emagrecer, faço caminhadas, uma atividade física ou outra e moldo minha alimentação aos hábitos mais saudáveis. Cortos os excessos e as carências, porque tanto um quanto o outro nos fazem mal. Se quero alcançar um sonho que é caro, economizo a cada dia, sempre um pouco, pacientemente, até chegar ao valor que tanto desejo. Se quero correr, aperto o passo da caminhada que é pro corpo não sofrer com a corrida repentina e o coração se acostumar ao batimento mais forte. Tudo mais lentamente, mais pacientemente. Não, não pense que é fácil e tão menos que eu tiro de letra este jeito manso de viver. Longe disto. Mas é assim que acredito ser melhor, é assim que minha alma pede pra viver, embora vez ou outra eu a atropele com meus sentimentos tolos de satisfação aos outros e a mim mesma, imediatamente. Ando devagar, porque conheço a pressa e sei que com ela o risco é sempre maior. Lentamente, aprecio a paisagem, aprendo com os passos, conheço meus limites e minha caminhada fica cada vez mais segura pra chegar ao fim, ainda que lentamente.