segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

OLHOS ABERTOS

Foto: autor desconhecido

Não via muito além de onde seus olhos eram capazes de alcançar. Já tinha visto, uma vez ou outra, nas poucas vezes que se permitiu sonhar. Mas não era habitual. Tinha medo de frustar seus sonhos e por isto sonhava pouco. Ou não, sonhava muito, mas evitava se lembrar e investir neles todos os dias. Os deixava de lado, num canto, pra caso um ou outro por sorte pudesse acontecer. Mas neles, investia pouco tempo com medo de disperdiça-los. E por isto, se permitia pouco. Estava se tornando rasa como seus sonhos, mas era profunda e isto a incomodava. Queria ver mais além, ir mais longe. Ter mais coragem, era tudo o que ela queria ter. Ousar sair por aí, sonhar todos os sonhos, viver tudo aquilo que se tem para viver. Medos, tinha vários, mas estava disposta a abandonar um a um daqueles que mais a incomodava, que mais a impedia de sair do lugar. Não, não estava sendo fácil enfrentá-los e combatê-los. As vezes doía, outras parecia impossível. Tantas outras chorava com medo de se permitir  mais, de ser mais. Tantas vezes na vida ouviu que tantos dos seus sonhos não eram possíveis que ficou com medo de alcançá-los. Mas agora, estava disposta a enfrentar as vozes dos outros que se repetiam na sua mente. Estava disposta a destruir as muralhas que ela mesma construiu ou permitiu que construíssem à sua frente. Não seria de um dia para a noite, não seria tão rápido, não seria tão simples, pelo contrário, trabalho árduo, desafiante e que exigiria dela muita força de vontade e persistência. Mas uma vez disposta, era possível. Ver além era agora uma necessidade urgente. Um centímetro de cada vez. Pouco a pouco, não importa. Mas a cada dia sua visão se abria um pouco mais. E um pouco mais ela mesma se permitia viver. Ser feliz, realizar, construir, conquistar. E porque não cair, falhar e levantar. Quando mais além ela via, mais ela mesmo era capaz de conhecer. E se reconhecer humana, com limites e falhas, mas que não a impediam de ser o melhor que pudesse ser e fazer o melhor que pudesse fazer. E podia muito. Abrir os olhos era agora a sua prioridade e com isto começou a enxergar a alegria, a felicidade, a paz, o sucesso e tudo aquilo que ela mesma era capaz de ser.

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