domingo, 10 de março de 2013

AO CÉU

Foto: autor desconhecido


Decidi abrir as gavetas da minha alma.Emperradas, velhas, cheias de quimquilharias. Decidi abrir uma a uma com cuidado, revirar cada memória, cada gesto, cada instante. Coisas que guardei e que não uso mais. Outras que havia me esquecido de usar e que são parte da minha essência, do que me faz bem. Decidi pegar cada coisa, um a um. Revirar as gavetas dói, eu confesso. O coração dispara,as vezes falta o ar, resultado da poeira que coisas velhas e fora de uso causam na vida da gente. Mas é preciso enfrentar, jogar fora o que não presta, guardar o que vale a pena e usar aquilo que nos fez tanta falta e nem sabíamos que o tínhamos guardado. Revirar as gavetas, exige preparo e atenção. Cuidado consigo mesmo, uma boa dose de amor próprio e acima de tudo desapego. Também é preciso humildade para admitar as próprias misérias, compreender-se frágil e se aceitar assim como é. Abrir as gavetas da alma é como estar diante de um grande espelho que lhe apresenta a si mesmo. É não ter medo de amadurecer, é ter coragem de se conhecer, ainda que conhecer a si mesmo muitas vezes seja tão desconfortante. É, não é fácil. Tão menos do dia pra noite. Decidi abrir as gavetas da minha alma, mas o faço todos os dias já há alguns meses. Não,não decidi sozinha. É que emperradas que estavam, como eu disse, estavam travando as gavetas que mais uso, me impedindo de ir em frente. Não dava pra seguir a vida com estas gavetas velhas como estavam. Por isto, decidi abri-las e iniciar a limpeza da minha alma tão cheia de coisas pra viver. Retirar os excessos que me fazem mal. Admitir tudo aquilo que tenho de bom e que deixei de lado. Assumir minhas responsabilidades com a certeza que embora imperfeita sou capaz de realizar grandes e belas coisas. Decidi abrir as gavetas da alma e quando pensei que só encontraria coisas inúteis, descobri vários sonhos. Encontrei um lado lindo que eu havia esquecido que tinha. Uma alma bela, cheia de vida e transbordante de amor por si mesma e ao próximo. Um amor a Deus que não dá pra explicar, apenas sentir. Todos os dias abro uma gaveta nova. Jogo fora o que não presta, o que não vale a pena. Guardo as boas memórias porque são importantes para me motivar a seguir em frente e não esquecer quem eu sou. E levo comigo, a cada instante, as verdades de quem eu sou e pelas quais vale a pena insistir, seguir, investir. Os meus sonhos, todos aqueles que encontro, coloco em balões de gás, bem coloridos e os solto no ar. Sei que comigo, guardados, não são muita coisa, mas que aos braços de Deus, voando ao céu, eles ganham asas, deixam de ser sonhos e me levam a os realizar.

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