Foto: Kazuo Okubo
Eles escorre por entre as curvas no nosso corpo, beijando nossos seios e lambendo nossa face. Matam de inveja os homens que cobiçam os seus fartos e as mulheres que são loucas por um tanquinho em perfeita forma. No inverno, impera nas academias de corpos sarados e cansados do exercício exaustivo. No verão, estão por todos os lugares, menos aqueles sagrados com ar condicionado ligado. Penteiam o cabelo das crianças que brincam no parque. Cansam as pernas dos mais velhos que tentam se distrair na varanda de casa. Esquentam a cabeça dos mais jovens. Convidam para ir até a praia ou piscina, num convite quase que irrecusável se não fosse o trabalho e as atividades obrigatórias do nosso dia a dia. O calor, o suor. Estes que a gente não consegue esquecer porque não esquecem da gente. Estes que estão ali, do lado de fora da sua sala com ar condicionado. O mesmo que derrete os picolés que a gente insiste em deixar gelado pra nos refrescar. O mesmo que impede pouca água de matar a nossa sede. O calor que abaixa as pressões mas agita o coração. O suor que escorre pelo nosso corpo como a nossa vontade de ser refrescado por ele, ainda que não seja possível. Ah, o calor. Este verão que todos cobiçam mas que a todos incomoda. Este calor que nos tira a roupa e nos deixa índios como os primeiros moradores deste nosso país. Ah, este calor que coloca nossos cabelos de mulher pra cima e os homens caminhando sem camisa nos domingos de manhã...ah, o calor. É bonito te ver assim de longe, apreciar a beleza da sua luz. Difícil é conter os seus excessos que me fazem deparar com os meus a todo instante. Excessos que me fazem reduzir as roupas, aquietar o espírito e sonhar com dias de verão sem trabalho, sem preocupações, debaixo de um coqueiro em alguma praia da Bahia regada a água de côco e mar.
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