Foto: autor desconhecido |
Somos uma obra em eterna construção. Alguns dias colocamos os tijolos meio fora de lugar ou fazemos o cimento com tanta pressa que sobra areia e não sustenta quase nada. Em alguns casos, o alicerce não foi colocado com segurança ou, as vezes, nem colocado foi e aí, desmoronamentos acontecem diversas vezes no decorrer da obra, atrasando o amadurecimento e o avanço da construção. Estamos constantemente em obras e por isto, devemos nos desculpar pelos transtornos. Caminhos que atravessam as ruas, britas jogadas na calçada do outro. O barulho que causamos nos vizinhos, o incômodo dos nossos defeitos. Obra inacabada, eu sei. Tantas e tantas vezes atravessamos o terreno das outras pessoas, avançamos o lote, fazemos a metragem de forma incorreta. E de ferragem sobram os ferrões que a gente solta naqueles que não nos compreende ou a gente simplesmente acha que são obrigados a nos aturar. Todos estamos em obras. Uns mais adiantados que os outros. Algumas obras mais bonitas que as outras, mais perfeitas, com alicerces mais sólidos e mais seguros. Outras como ruínas, há anos no mesmo lugar. Obras pra tudo que é gente, pra tudo que é jeito, mas todos assim, em obras. Estamos em processo de feitura, eu sei. E por isto devemos ter paciência consigo mesmo e com os outros. Respeitar os terrenos, suportar os transtornos e seguir em frente sem olhar pra obra do vizinho com se ele sim tivesse a obra melhor que a sua, mas cuidar da própria obra. Seguir a cada dia, assentando os tijolos, os pisos, fazendo a melhor massa de cimento que se puder fazer. Colocar as janelas e abrí-las pra deixar a luz entrar. Deixar a porta fechada para não entrar quem não é convidado, mas colocar a campanhia para autorizar aqueles que quiserem vir ao nosso encontro, ser a nossa companhia. Estamos em obras e enquanto existirmos é assim que deve ser, porque não nos deve importar a obra acabada e finalizada, mas a perfeição do processo de construção que pudermos fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário