quinta-feira, 1 de julho de 2010

Essa moça

Foto: Inês Costa
Que moça era aquela com cara de Alice, não se dizer. Não sabia do seu nome, dos seus gostos e nem desgostos. Parecia triste, mas ao mesmo tempo repleta de alegria dentro de si. Porque haveria de se esconder a alegria, eu também não sei. Assim como não sei dos seus amores, de onde mora e nem de onde veio. Parecia apaixonada, embora a paixão seja enganosa e nos confunde o tempo todo. Talvez estivesse apenas descansando de um grande período de descobertas, como é a vida dos adolescentes. Ou ainda, pudesse estar fazendo uma pausa, um intervalo entre um rompante e outro, para conhecer melhor a si mesma e reconhecer o seu destino. Que moça era aquela com cara de Alice, não sei dizer. Pouco me revela a aparência que ela tem. Faço julgamentos, suposições. Imagino quem seja esta moça deitada na grama de vestido de fada. Se espera um príncipe, se beijou um sapo, se terá final feliz, apenas suponho. Não sei dizer. Dos outros é bem mais fácil imaginar, saber a respeito deles exige intimidade, ainda assim não estaremos livres de julgamentos indevidos, nem assim.

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