terça-feira, 5 de abril de 2011

HUMANOS DE MENOS

Foto: autor desconhecido

Não sei que tipo de humanos somos. Se é que somos. Estes humanos que passam  pelas ruas como se estivessem atrasados para um compromisso que nem sabem qual é. Um compromisso que impede de enxergar o outro, de observar as diferenças. Humanos que não toleram as diferenças e são indiferentes a tantos humanos como eles mesmos. Indiferentes com a miséria, indiferentes com a doença e a dor dos outros. Não conseguem olhar nos olhos daqueles que nas ruas, clamam por um afeto ou atenção. Humanos, preocupados demais com si mesmos a ponto de se esquecerem que não são únicos, são outros. Os humanos que somos têm pouco de humanos. Não todos, porque as exceções fazem toda a diferença neste mundo. Os humanos que somos não têm sido suficientemente humanos para sê-lo. Passam pelos moradores de rua como se fossem objetos, lixos jogados ao chão. Não estendem as mãos, nem mesmo os olhos. Desviam o caminho, viram para o outro lado. Ignoram a dor humana como se não tivessem as próprias e não clamassem por atenção. Estes humanos que faltam o amor ao próximo, na sua essência mais bonita. Amam os filhos, os pais, talvez os avós ou primos. Mas não sabem amar o outro, sem sobrenome, de outro sangue que não seja o seu. Fazem distinção de pessoas, pretos ou brancos, pobres ou ricos, velhos ou novos, homos ou heteros. Definem as pessoas pelas roupas que usam, religiões que professam. Humanos de menos. Esta humanidade que falta na humanidade me incomoda. A minha própria falta de humanidade me afeta. Não sei não tê-la pensando que isto é o mais correto a se fazer. Somos humanos e deviámos buscar um toque de divindade para que pudessemos ser ainda mais humanos, na sua totalidade. Perceber o outro, não apenas ver. Aceitar as diferenças, não apenas tolerar. Olhar nos olhos, sem desviar a atenção. Estender a mão, sem desviar o passo. Abrir os braços, acolher a dor, chorar junto se preciso for. Humanidade que nos falta, a nós, seres humanos. Humanidade que está aí, que está aqui na sua essência, porque nascemos para tê-la e a temos. Humanidade que deve ser despertada, antes que sua ausência nos seja um pesadelo. A falta de humanidade nos impede de sermos aquilo que nascemos para ser. Não chegaremos a lugar algum que desejamos se não houver em nós a humanidade necessária que nos motiva, nos auxilia e nos fortalece, para alcançarmos nossos sonhos. Sejamos humanos e então seremos um pouco também divinos.

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