quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nas folhas de outono

Foto: Marcelo Krelling
Me esparramo pelo chão sem a paciência de apreciar estas folhas e o céu de outono que eu tanto gosto. Minha cabeça, cheia de ansiedades, tem pressa de viver o futuro que sabe Deus o que trará. Tenho dificuldades de viver o presente, sem esperar demais o que virá. Esta ansiedade que me tira o sono, a sensação do corpo, que me rouba o fôlego pra ser feliz. Sou feliz. Mas seria ainda mais se soubesse caminhar sem pressa. Observaria mais ao meu redor, celebraria os instantes da vida, que é deles que ela é feita. Seria mais eu mesma, lapidaria meus defeitos com mais assertividade. No entanto, tenho tido diversas tentativas em vão. Busco soluções pra problemas que desconheço a origem. Ou conheço, mas prefiro fingir que não. Temo escavar minha alma e encontrar nela dores maiores que as que já enfrento. Sei que é na escavação que se encontra os tesouros, bobagem minha. Mas é esta pressa que me faz seguir em frente, sem perder tempo comigo mesma. Daí sigo aos pedaços, aos cacos e não por inteiro como devia ser. Queria mesmo, agora, neste instante, deitar sobre o chão repleto destas folhas de outono. Olhar para o céu e parar por um momento que seja. Não pensar em nada. Apreciar tudo, tudo ao meu redor. Tenho muito a celebrar, eu sei. E quero comemorar tudo isto que tenho, esta vida tão cheia de soluções onde os tropeços da pressa parecem tornar em problemas. A vida moderna é mesmo um caos. Queria mesmo é ser como antes, onde o banco da praça era disputado por pessoas sem pressa, que saboreavam a vida debaixo da sombra de uma árvore e jogando conversa fora com os amigos.

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