segunda-feira, 12 de julho de 2010

E como falam!

Foto: Lúcia Letra
Escorriam sem se explicar. Não sabia se dor ou medo, se fome ou saudade. Talvez insegurança, talvez amor que transborda pelo canto dos olhos. Escorriam se dizer causa ou consequência. Saiam pelo olhos silenciosamente. Inundava a alma de onde veio e tantas outras que a viam. Lágrimas assim, silenciosa e calma, comovem e movem tudo ao redor. Dizem mais que o grito e as palavras. Dizem mais que qualquer outra expressão. As lágrimas traduzem sem se explicar. E movem tantas outras lágrimas que escorrem de outros olhos como se todas se mobilizassem por uma única causa. Lágrimas têm compaixão, misericórdia uma das outras. Isto, falo das mais sinceras, destas honestas. Destas lágrimas que escapolem ao nosso controle, ao nosso egoísmo, a nossa vontade. Estas lágrimas que dizem tudo aquilo que calamos ou não sabemos dizer. Estas lágrimas que falam por nós. Lágrimas que são a representação mais pura e verdadeira de nós mesmos, aquilo que nem mesmo a gente reconhece em nós, mas que é preciso transbordar para aliviar o caos que as vezes acontece, silenciosamente, dentro da gente.

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