Amores são como os brinquedos que tinha na infância. Não podiam viver espalhados. Não os tinha para ser emprestados, nem doados. Tinha medo de que não tivesse outro. Por isto, não aprendeu a dar os seus brinquedos, assim como não doava seus amores. Guardava-os todos numa caixa, em cima do armário de forma que ninguém pudesse alcançá-los. Quando brincava com eles, o fazia escondida, o segurava com cuidado que era pra não cair e pra ninguém ver. Amores, como aqueles brinquedos, não podiam se arranhar, quebrar em pedaços. Não dava para colar e juntar os cacos de forma a deixá-los perfeitos, como os originais. Amores quebrados, deixavam marcas na alma. Assim como os brinquedos, ficavam rachados. Tanto um quanto outro, se tornavam mais frágeis a cada queda. E ela, assim como nós, mais insegura com eles. Aprendeu a não revelar amores, como havia sido ensinada quando ganhava um brinquedo novo. Os amiguinhos não podiam ficar com inveja, era tão ruim pra eles quanto pra ela mesma. Sentia culpa quando amava de verdade. E pra não doer, pra não perder o sono, deixava o amor quietinho dentro dela que era pra ninguém saber. Claro que vez ou outra alguém desconfiava. Moça bonita, não fica assim, desapaixonada da vida. Mas ela, preferia fingir-se insensível para o mundo, ao invés de mostrar quantos amores ela colecionava ali dentro.
Há 7 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário