terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Como um girassol

Foto: José Ferreira

A chuva não cai a muito tempo ao redor. Anda tudo tão seco, tão cinza e sem cor. Não tem graça o que vejo. Os noticiários já não me contam o que quero ouvir. As conversas são desagradáveis como fofocas de vizinhas pessimistas. A chuva, quando cai, é granizo. Destrói casas, sonhos, amores. O amor que acredito não está nas esquinas, nas novelas nem nas telas de cinema. Está aqui, dentro de mim. Apenas os meus olhos vêem o que vejo. Não o que a minha visão permite ver, mas o que a minha crença me faz enxergar. É difícil ver sozinha eu sei, as pessoas acreditam mais na coletividade ainda que seja ela uma grande mentira. Eu não, sou a verdade que acredito ser. As coisas boas que acredito que existem por aí, em algum lugar deste mundo, ainda que escondido de tanta imundície. O solo está árido, seco, trincado. As flores morrem, murcham como as fantasias das pessoas que amo têm morrido aos poucos. Mas eu insisto em regar meus sonhos e distribuir sementes. Ainda que eu seja a única flor a brilhar, não posso desistir. Meus sonhos são regados em fé, esperança, solidariedade e amor ao próximo. É incrível, mas por mais que o mundo esteja submerso em desafetos, eu ainda amo as pessoas ao meu redor por piores que elas pareçam ser ou estar neste momento. Sei que as vezes parece não valer a pena, que pode parecer uma palhaçada e que esta minha teimosia em ser feliz pareça uma grande bobagem. Sei que muitos me consideram tola, louca ou algo afim, não me importa. Se tudo acabar assim, infértil, estarei eu segurando a única e última flor, tentando trazer nas mãos o girassol que eu acredito ser a alegria que o mundo precisa, não mais que isto.


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