terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Precariedades

As minhas precariedades me revelam. É o que me falta que me apresenta para os que estão de fora. São os meus limites que me contam quem eu sou. Não é o que tenho de melhor que me revela. Não são as qualidades que tenho que me tornam pessoa. São as minhas fragilidades. Os medos que tenho sou eu. Não os meus talentos, mas aquilo que eu tenho que aprimorar o tempo todo. O que sou de mais precário, é o que mais conta ao meu respeito. É o limite que me devolve a mim mesmo. Onde me esbarro naquilo que sou e que não me deixa ser outro, senão eu mesmo. Por isto, não temo minhas precariedades. Não escondo os meus defeitos. Um dia, Clarice Lispector me contou que eles, ou algum deles, pode ser o meu alicerce e jamais pode ser retirado de mim como se nunca fosse eu. Não que isto seja uma atitude comodista de não querer mudar. Mas são os meus defeitos que me transformam em pessoa. Só quando os olho de frente, é que percebo onde esta a pessoa que sou por trás de cada um deles. Sou frágil. Quebro quando transportada de forma errada. Posso trincar meus valores quando eles não são percebidos pelas pessoas que vivem ao meu redor. Mas não deixo de ser eu mesma, em nenhum destes momentos. Muito menos, aprendi a esconder minhas precariedades para parecer perfeita. Não sou perfeita. Tão pouco pretendo ser. Sou alguém em processo de feitura. Vivo minhas precariedades que irão me levar onde quero chegar: ser pessoa. Ser gente e não indivíduo. As minhas precariedades me revelam. Se as nego, escondo quem eu realmente sou. São as minhas fragilidades que contam a minha estória e me torna alguém especial e preparada para ser tão pessoa quanto você e te ajudar a ser tão pessoa quanto ainda pretendo ser.

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