terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Entre ser e estar

Foto: Miguel Moura

Somos aquilo que somos. Estamos onde estamos. Penso se somos o que somos porque estamos onde estamos. Ou senão, penso se estamos onde estamos porque somos o que somos. As vezes, acho que apenas pareço ser. Não, não pareço. Sou de verdade aquilo que sou. O que é aparente é engano. Eu não sou um engano. Nem equívoco. Sou uma busca incessante pelo acerto, ainda que travestido de erros. Mas acerto. Só não tenho a certeza de onde estou. Até tenho, mas não sei por quê estou aqui. Também, só pra variar, não sei porque sou assim. Desconfio de um motivo ou outro, é verdde. Mas certeza mesmo, não tenho alguma. Por isto, insisto em pensar nestas bobagens tão sérias. Esta estranha relação de estar onde estou com aquilo que sou. Ser o que sou. Aquilo que você é, se é o que é de verdade. A dificuldade de não saber onde se vai deve passar por aí. Deve permear a dúvida de não entender porque estamos onde estamos. Será que somos, de verdade? Espero que, ao menos, tenhamos tentado ser alguma coisa. Mas se vier a ser outro, se for possível isto, o lugar será que muda? Sei onde quero chegar, mas o caminho me parece confuso e estranho. Tento mudar onde estou por aquilo que sou, mas não sei ser outra senão eu mesma. E se continuar sendo eu mesma, o tempo todo, não terei nenhuma outra saída? Ou a saída está justamente em ser aquilo que se é? Penso, logo existo. Arrisco dizer que existir não seja apenas pensar. Disconfio que existir é mover, ainda que seja pra qualquer lugar que não seja qualquer um. Qualquer um é nada. Qualquer lugar, é um específico ou vários, mas é alguma coisa. É tanto quanto eu, quanto você, que não somos qualquer um. Somos o que somos. Estamos onde estamos. E meu pensamento, que não diz exatamente quem sou, não pára de pensar. Não cala, não sara a insistência em saber: estamos onde estamos porque somos o que somos?

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